Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Macau - Fundação Rui Cunha inaugura exposição de antiguidades sobre a Rota da Seda Marítima

A Fundação Rui Cunha inaugura a exposição “Crescent on the Sea”. Com curadoria de Luis Au, a mostra apresentará cerca de 50 obras que celebram a história das rotas da Seda, marcando o 10º aniversário da inscrição da Rota da Seda como Património Mundial da UNESCO. A exposição ficará aberta até 8 de Fevereiro



A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugura a exposição de antiguidades intitulada “Crescent on the Sea”, que contará com uma colecção de aproximadamente 50 obras de arte, cerâmica, quadros, documentos e livros datados do século IV ao século XIX. A mostra é fruto da iniciativa do coleccionador Luis Au e procura destacar objectos que atestam a rica história das trocas comerciais ao longo das rotas marítimas e terrestres que conectavam a China Continental ao resto do mundo.

A exposição traz ao público um vislumbre sobre a rica herança cultural das rotas comerciais na China. Mas não apenas isso, também celebra dois importantes marcos históricos ligados à Rota da Seda. O primeiro refere-se ao 10º aniversário da inscrição de um dos corredores terrestres da Rota da Seda na Lista de Património Mundial da UNESCO, em 2014. A rota original ligava as duas cidades de Chang’an (actual Xi’an) e Tianshan, em Xinjiang. O segundo é o 20º aniversário da inclusão do Centro Histórico de Macau na mesma lista, que ocorreu em 2005, consolidando Macau como o 31º sítio designado como Património Mundial na República Popular da China.

Na visão de Luis Au, a tradição familiar de coleccionar antiguidades remonta à década de 1950, alimentada por uma paixão pelos estudos históricos. Au destaca que a sua família, com uma formação cultural sino-portuguesa, tem se empenhado em valorizar as relíquias e a herança local de Macau e dos macaenses, numa cidade que é um vibrante entrelaçamento entre as culturas oriental e ocidental.

O título da exposição, “Crescent on the Sea”, algo como “Crescente sobre o Mar”, remete ao famoso lago em forma de lua crescente localizado em Dunhuang, na província de Gansu, um importante ponto de comércio da antiga Rota da Seda. Contudo, Luis Au ressalta que na costa sudeste da China também existia uma área denominada “Crescente”, no mar da China, rica em prosperidade e conectada a cerca de cem portos ao longo da Rota da Seda Marítima. Este local, centrado em Zayton (Quanzhou), foi um marco no desenvolvimento naval e tecnológico durante a dinastia Song, destacando-se como um dos maiores portos do mundo na época.

As rotas da seda, tanto terrestre quanto marítima, foram cruciais para o transporte de uma variedade de bens, entre os quais a seda, a porcelana, o chá e as especiarias. Durante os séculos VI a XIV, o intercâmbio entre os impérios chinês e o império romano prosperou, evidenciando a importância das antigas rotas comerciais que permanecem em uso até ao século XVI.

Com base na descrição do curador, a Rota da Seda Marítima, actualmente em processo de reconhecimento pela UNESCO, estendia-se desde o porto de Quanzhou, na província de Fujian, até Ningbo, na província de Zhejiang, este último sendo um dos portos de carga mais movimentados do mundo. Macau, situada na costa sul da China, emergiu no século XVI como um centro crucial de comércio marítimo, facilitando a exportação de produtos chineses como seda e porcelana para diversas partes do mundo, incluindo o Japão, Sudeste Asiático, Europa e América.

Num contexto económico contemporâneo, a Rota da Seda Marítima está actualmente a sofrer um “renascer”, que deu início na administração de Xi Jinping. Parte da iniciativa “Um Cinturão, Uma Estrada” lançada pelo Governo Central em 2013, o projecto visa revitalizar as rotas comerciais marítimas e promover uma maior interligação económica global. Abrangendo mais de 60 países, que representam cerca de 30% do PIB mundial, a iniciativa foca na modernização das infraestruturas portuárias, com investimentos que ultrapassam 1 trilião de renminbis. Além de fortalecer laços comerciais, que se espera que aumentem em mais de 25% nas próximas duas décadas, a Rota da Seda Marítima procura fomentar a cooperação multilateral e abordar questões de sustentabilidade ambiental; cerca de 40% das iniciativas incluem componentes relacionados com energia sustentável.

As obras da exposição “Crescent on the Sea” permanecerão em exibição até ao dia 8 de Fevereiro, oferecendo ao público uma oportunidade única de explorar a herança cultural e histórica das rotas comerciais que moldaram o comércio e as interações culturais entre o Oriente e o Ocidente, no passado e em maior escala para o futuro. Elói Carvalho – Macau in “Ponto Final”


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