O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Portugal lamenta o incidente com o repórter da Lusa na Guiné-Bissau, no domingo, e toma "boa nota das diligências efetuadas" e do pedido de desculpas do Presidente guineense ao jornalista
Em
resposta a questões enviadas pela Lusa, o ministério liderado por Paulo Rangel
afirmou que "Portugal lamenta este incidente, apresentou a sua posição às
autoridades da Guiné-Bissau e toma boa nota das diligências efetuadas, que
produziram já resultados, desde logo o facto de o Presidente da República da
Guiné-Bissau ter telefonado ao repórter de imagem a pedir desculpa pelo que
aconteceu".
"Tendo
tido conhecimento de que o repórter de imagem da Lusa em Bissau terá sido
atacado por elementos da Polícia de Intervenção Rápida, o Ministério dos
Negócios Estrangeiros rapidamente iniciou diligências a vários níveis com as
autoridades para apurar factos e exigir um esclarecimento cabal sobre o
ocorrido", sublinha o MNE.
O
repórter de imagem da Lusa em Bissau, Júlio Oliveira, foi abordado por
elementos da Polícia de Intervenção Rápida, domingo, pelas 18:20 locais, quando
estava a filmar uma caravana de apoio a um político guineense.
Além
de um agente o ter atingido com um murro nas costas, a polícia forçou o
repórter a apagar as imagens que tinha recolhido e tentou obrigar o jornalista
da Lusa a entrar numa carrinha para ser conduzido a uma esquadra, o que acabou
por não acontecer.
A
Direção de Informação da Lusa expressou a sua veemente condenação à
agressão do repórter, adiantando que tomou medidas a nível oficial.
Numa
nota hoje emitida, a Direção de Informação da Lusa -- Agência de Notícias de
Portugal afirmou estar "chocada com a agressão inesperada e
inexplicável" ao seu repórter de imagem, quando este fazia uma reportagem
sobre a chegada do presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões
Pereira.
"Este
tipo de procedimentos não pode deixar de merecer a mais veemente condenação da
Direção da Lusa, encontrando-se em violação dos mais elementares princípios da
liberdade de informação e de imprensa, bem como do estado de direito",
refere, salientando a gravidade do incidente e acrescentando que tomou "de
imediato as medidas tidas por convenientes a nível oficial mal tomou
conhecimento dos factos ocorridos".
"[A
DI] expressou pessoalmente ao jornalista sua solidariedade, tendo-se
disponibilizado a dar todo o apoio que necessite", refere-se na mesma
nota.
A
agressão de que foi alvo o repórter de imagem Júlio Oliveira foi também condenada de forma veemente pelo Conselho de Redação da Lusa que, em
comunicado, manifestou a sua total solidariedade para com o camarada,
condenando a atitude da polícia.
"Os
membros eleitos do Conselho de Redação condenam nos termos mais enérgicos a
agressão de que foi vítima o nosso camarada, a quem manifestam total
solidariedade, e deploram a ação da polícia para impedir o livre exercício do
jornalismo no país", sustenta.
A
equipa de edição da Lusofonia e África da Lusa emitiu também uma nota onde
"condena e lamenta a agressão" ao jornalista.
"Nunca
é demais recordar as condições de extrema pressão em que muitos jornalistas
nossos, sobretudo os contratados locais, trabalham, com ataques à liberdade de
imprensa e, como ficou patente no caso de ontem [domingo], vítimas de violência
física no exercício da sua profissão".
Numa
referência aos incidentes que tiveram por alvo Júlio Oliveira, o presidente da
Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau sublinhou no domingo a anormalidade
de situação que o seu país vive.
"Eu
cheguei e estava convencido que estava tudo normal. De repente, dou conta de
que há bloqueios de acesso às pessoas ao aeroporto. Há jornalistas que foram
agredidos, há jornalistas aos quais foram subtraídos os materiais que tinham
utilizado para o seu trabalho", observou Simões Pereira. “Agência Lusa”
Recorde-se
que há dias, foi apreendido no aeroporto internacional Osvaldo Vieira um jato
privado carregado com quase 3 toneladas de estupefacientes que aterrou em pleno
dia na capital guineense. BL
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