“Macau. Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” é a obra que compila ensaios e reflexões sobre o panorama arquitectónico e urbanístico de Macau em diversos períodos históricos, nomeadamente desde a revolução republicana chinesa de 1911 até à transição, em 1999
A
BABEL – Organização Cultural lançou, na Feira do Livro do Porto, um novo livro
dedicado à arquitectura e urbanismo de Macau e à sua evolução nos últimos anos.
A obra, que tem a chancela da “Circo de Ideias”, intitula-se “Macau.
Arquitectura e mutações no tecido urbano: uma antologia” e inclui ensaios e
reflexões seleccionados por Tiago Saldanha Quadros, arquitecto, e curadoria
fotográfica de Margarida Saraiva. Ambos criaram a BABEL em Macau em 2013,
desenvolvendo actualmente projectos culturais e artísticos com esta entidade em
Portugal.
O
lançamento contou ainda com a presença do arquitecto Jorge Figueira, autor de
um dos textos da obra. Porém, este livro inclui muitas outras reflexões sobre
um território que tem sofrido profundas mudanças no seu tecido urbano nos
últimos anos, à conta dos investimentos na área do jogo, que levaram à
construção dos resorts e casinos, ou mesmo do crescimento do turismo.
Assim,
esta obra “contempla um estudo das transformações no tecido urbano de Macau,
com especial foco nas figuras-chave, movimentos e textos que informaram e
animaram o discurso arquitectónico das últimas décadas”, aponta um comunicado
da BABEL.
Além
da participação de Jorge Figueira, incluem-se outros autores que se envolveram
directamente na obra, nomeadamente Álvaro Siza, Fernando Távora, Francisco
Figueira, José Maneiras, Manuel Graça Dias e Manuel Vicente, ambos já
falecidos; Mário Duque ou Pedro Vieira de Almeida. Tratam-se de textos que são
também “testemunhos e histórias pessoais”.
Com apoio
Este
livro resulta de um estudo financiado pelo Instituto de Estudos Europeus de
Macau, com uma bolsa de investigação académica de 2020. Além disso, a edição da
obra faz-se com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da
RAEM, Banco Nacional Ultramarino e Fundação Oriente.
O
livro divide-se em três partes, pautadas por três momentos históricos: a
revolução republicana na China, em 1911; a ocorrência do movimento “12,3” em
Macau entre Novembro de 1966 e inícios de 1967; e ainda a fase da transição da
administração portuguesa de Macau para a China, em 1999.
Incluem-se,
assim, “escritos seleccionados, compilados e organizados por arquitectos,
professores, investigadores, jornalistas, viajantes e exploradores,
provenientes da Ásia, mas também da Europa, América do Norte e Oceânia, agora
publicados, pela primeira vez, num único volume”.
Segundo
a BABEL, os três acontecimentos históricos que orientam o conteúdo do livro
foram “muito relevantes na história do território, na sua expansão e
desenvolvimento”, funcionando “como enquadramento temporal do estudo”.
Estes
textos assumem uma importância “não só para arquitectos, estudantes e
investigadores, mas também para todos aqueles que pretendam compreender melhor
as questões identitárias e culturais do urbanismo e da arquitectura de Macau,
aliados à qualidade dos textos e à sua dispersão em edições, algumas das quais
inacessíveis”, é referido na mesma nota.
Abordam-se,
assim, no estudo académico que dá origem ao livro, “vários planos temáticos,
que vão desde 1911 ao tempo presente, com especial enfoque nas figuras-chave,
movimentos e textos que informaram e animaram o discurso arquitectónico das
últimas décadas e que documentam as mais significativas transformações
verificadas no tecido urbano de Macau”.
A
obra agrega textos sobre alguns edifícios icónicos do território que se
misturam com “ensaios dedicados à discussão de ideias e temas comuns a cada uma
das três partes”.
Questão de imagem
O
livro inclui depois um “ensaio visual que integra imagens de obras de artistas
que, de algum modo, desenvolveram trabalho sobre Macau, com ênfase na cidade e
na arquitectura do território”. Exploram-se aqui fotografias, “stills”
de vídeos de artístas e documentos provenientes dos acervos de instituições
dedicadas à investigação e estudo da arquitectura.
Deste
modo, construiu-se “uma narrativa que procura documentar algumas das mutações
verificadas no tecido urbano de Macau durante as últimas décadas”.
Segundo
a BABEL, este livro “não pretende ser uma história recente da arquitectura e do
urbanismo de Macau, antes uma leitura interpretativa e crítica de uma sequência
cronológica de um conjunto de textos e ensaios aqui coligidos”. Apresenta-se,
assim, “uma antologia que configura uma cartografia possível de textos, dos
seus autores e dos respectivos planos temáticos”. Andreia Silva – Macau in “Hoje
Macau”
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