Evento sobre o compositor acontece na USP nesta quinta e sexta-feira, dias 12 e 13, com entrada grátis
Os
impactos da obra do compositor carioca Heitor Villa-Lobos (1887-1959) não só na
música, mas também na cultura brasileira serão debatidos por especialistas
durante a 8ª edição do Simpósio Villa-Lobos, que acontece nesta quinta e
sexta-feira, dias 12 e 13, na Casa de Cultura Japonesa, na Cidade
Universitária, em São Paulo. Nos dois dias do evento serão realizados
concertos, palestras e mesas-redondas (leia aqui a programação completa do simpósio).
A entrada é grátis.
“Villa
Lobos foi um dos principais responsáveis pela renovação e pela afirmação de uma
identidade da cultura brasileira”, afirma o professor Paulo de Tarso Salles,
docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e coordenador do grupo
de pesquisa Perspectivas Analíticas para a Música de Villa-Lobos (Pamvilla),
que organiza o evento. “Ele se integra a outros artistas do Modernismo, como
Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald Andrade, que
faziam o mesmo em seus respectivos campos de atuação, como a literatura, a
pintura e a escultura”, completa Salles.
A
programação do evento vai enfatizar justamente a influência de Villa-Lobos nas
diferentes artes. No dia 12, às 11 horas, por exemplo, uma mesa-redonda vai
reunir a jornalista Camila Fresca – doutora em Musicologia pela ECA -, o ator
Roderick Himero e o diretor Felipe Botelho, do Teatro Oficina, para tratar da
peça Rasga Coração, que reorquestra os Choros compostos por
Villa-Lobos nos anos 1920.
No
mesmo dia, às 15h30, será exibido o documentário Villa-Lobos em Paris
(2023) na presença de seus diretores Alexandre Guerra e Marcelo Machado, também
com a participação de Camila Fresca. A produção remonta ao período em que o
compositor, em resposta às vaias que recebeu na Semana de Arte Moderna de 1922,
se instalou na França. Ao lado de nomes como Jean Cocteau, Andrés Segovia e
Arthur Rubinstein, Villa-Lobos pôde pensar suas raízes por novas perspectivas.
“No tocante à música, Villa-Lobos foi uma pessoa pioneira no sentido da
valorização da cultura brasileira, trazendo elementos rítmicos e melódicos e
até instrumentos usados na música popular, e principalmente por levar a
percussão para a orquestra”, diz Salles.
Um
concerto do conjunto Unicamp Cello Ensemble – formado por alunos do curso de
Música da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e dirigido pelo maestro
Lars Hoefs – vai encerrar o primeiro dia de atividades do simpósio, às 20
horas. O repertório do concerto inclui as Bachianas Brasileiras nº 1, de
Villa-Lobos, e seis canções de João Bosco, com arranjo de Ivenise
Nitchepurenco. Além de professor da Unicamp, Lars Hoefs é “um dos principais
intérpretes de Villa-Lobos no mundo” e tem uma “atividade fantástica” dedicada
à obra do compositor para violoncelo, como acentua Salles. “O violoncelo é um
instrumento que o próprio Villa-Lobos tocava. Ele escreveu muitas músicas para
esse instrumento e particularmente valorizou essa formação, orquestra de
violoncelos, com 8 a 40 instrumentos.”
Três
palestras serão realizadas no segundo dia do simpósio, dia 13. Às 11h30, o
musicólogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos
Kater falará sobre Encontros com Villa-Lobos, um e-book com 665
páginas que Kater publicou neste ano, contendo entrevistas realizadas por ele
nos anos 80 com personalidades da música que conviveram com Villa-Lobos, como
Camargo Guarnieri, Eleazar de Carvalho, Magdalena Tagliaferro e Olivier Toni.
Às 14 horas, a pianista e professora da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel)
Mauren Frey abordará o tema “Elementos composicionais da obra instrumental de
Vieira Brandão e sua proximidade com Villa-Lobos”. Já às 17 horas, o maestro
Ricardo Averbach, da Miami University, nos Estados Unidos, falará sobre o seu
livro, Villa-Lobos and Modernism: The Apotheosis of Cannibal Music,
lançado nos Estados Unidos em 2022.
Às
20 horas, o violonista e professor da ECA Edelton Gloeden fará o concerto de
encerramento do simpósio. Ele tocará peças do CD que lançou recentemente, com
todas as composições de Villa-Lobos para violão. O compositor é uma referência
para os violonistas por ter contribuído para a consagração do instrumento, como
explica Pedro de Tarso Salles: “Villa-Lobos adotou o violão como seu
instrumento pessoal já na adolescência. Nesse período, sua família sofreu com a
morte do seu pai, Raul, quando ele tinha 11 anos, e teve uma certa dificuldade
para para sua própria subsistência”.
O
professor lembra que, na adolescência, morando na periferia do Rio de Janeiro,
Villa-Lobos conheceu os músicos populares. “Foi talvez o grande momento, do
ponto de vista criativo, em que ele enxergou a cultura popular e participou
dela como membro ativo, tocando na noite, nos grupos de choro e nas rodas de
samba”, destaca Salles. “Ele escreveu uma obra dedicada ao violão que é
revolucionária.”
A 8ª edição do Simpósio Villa-Lobos acontece nesta quinta
e sexta-feira, dias 12 e 13, das 9h10 às 21h, na Casa de Cultura Japonesa da
USP (Avenida Professor Lineu Prestes, 159, Cidade Universitária, em São Paulo).
Entrada grátis. Mais informações estão disponíveis aqui. Alícia Matsuda – Brasil in “Jornal
da Universidade de São Paulo”
Sem comentários:
Enviar um comentário