SÃO PAULO – Estudo da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a empresa de consultoria Ernst &
Young, mostrou que o Brasil está cada vez mais distante da média mundial do que
as pessoas jurídicas pagam de Imposto de Renda: aqui o que as empresas pagam à
Receita Federal fica em torno de 34%, enquanto fora do País a alíquota é
estimada em 22,9%. Não é à toa, portanto, que os produtos brasileiros perdem competitividade
a cada dia, sendo alijados de mercados importantes.
A razão disso? “É a carga tributária,
estúpido”, pode-se dizer, parodiando-se James Carville, marqueteiro de Bill
Clinton, em 1992, que, ao justificar a vitória de seu candidato contra um
George Bush afundado na crise econômica, declarou: “É a economia, estúpido”.
Aliás, Carville repetia com outras palavras o conselho do informante incógnito
conhecido como Deep Throat (Garganta
Profunda) ao jornalista Bob Woodward na investigação do caso Watergate, que
derrubaria Richard Nixon em 1974: “Siga o dinheiro, estúpido”. Conselho, aliás,
que deve ter sido seguido pelos que investigam as manobras que justificaram a
operação Lava-Jato.
Não é preciso ser economista para se
concluir que, se o governo federal extinguisse algumas das aberrações do
sistema tributário brasileiro, fatalmente, as indústrias produziriam e exportariam
mais, já que poderiam oferecer ao mercado externo produtos a preços mais
competitivos. Sem contar que poderiam investir na sua própria
internacionalização. É de se ressaltar que Estados Unidos e Argentina, primeiro
e segundo país com maior concentração de multinacionais, reduziram neste ano a
taxação para 21% e 25%, respectivamente.
Com a redução da carga, é possível
que, num primeiro momento, a arrecadação tributária brasileira viesse a cair,
mas, a médio prazo, com certeza, o governo iria faturar mais, pois o volume de
exportação haveria de quintuplicar em pouco tempo. Basta ver que, como mostra o
estudo da CNI, as empresas transnacionais exportam e inovam mais. E por que? Ora,
nos últimos anos, países como Estados Unidos, França, Japão e Argentina
revisaram para baixo a alíquota de Imposto de Renda das empresas como forma de
atrair investimentos e aumentar a competitividade internacional.
Assim, nos Estados Unidos, uma
empresa brasileira com investimento no exterior paga apenas 21% de imposto
sobre a renda, como qualquer outra empresa estrangeira. Mas, enquanto a
tributação das empresas de outras nacionalidades se encerra em solo norte-americano,
a brasileira tem de pagar mais 13% do lucro ao fisco para completar o que é
cobrado no País, pois o Brasil tributa lucro no exterior.
Com isso, o País perde recursos
direcionados às exportações, à pesquisa e à inovação, pois os investimentos no
exterior são mais baratos. Além disso, a alta carga tributária desestimula os
investimentos brasileiros no exterior, atividade que gera ganhos à economia
nacional. Em outras palavras: a tributação no Brasil das subsidiárias das
multinacionais brasileiras representa um custo que, neste momento, afeta a
competitividade dessas empresas. Milton
Lourenço - Brasil
Milton Lourenço é presidente da
Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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