A discussão das fronteiras marítimas com a Indonésia e a exploração do Greater Sunrise são assuntos que vão dominar Timor-Leste em 2026, ano em que também deverão começar a ser conhecidos candidatos para as presidenciais de 2027
A exploração do campo de gás Greater
Sunrise, localizado a 150 quilómetros de Timor-Leste e a 450 quilómetros de
Darwin, tem estado envolto num impasse, com as autoridades timorenses a
defenderem a construção de um gasoduto para a costa sul do país e a australiana
Woodside a defender uma ligação à unidade já existente em Darwin.
O consórcio para a exploração daquele campo é constituído
pela timorense Timor Gap (56,56%), a operadora Woodside Energy (33,44%) e a
Osaca Gás (10,00%).
O impasse levou a ‘joint venture’ a solicitar um
estudo conceptual elaborado pela empresa britânica Wood, que confirmou que a
viabilidade do desenvolvimento do Greater Sunrise em Timor-Leste, é essencial
para o Governo desenvolver o projeto Tasi Mane.
O Tasi Mane é um projeto que prevê a construção de
infraestruturas para desenvolver a indústria petrolífera, nomeadamente a
construção em Natarbora de um polo para uma refinaria, um complexo petroquímico
e uma unidade de gás natural liquefeito e no Suai um centro logístico para
apoiar a exploração e produção de petróleo e gás no Mar de Timor.
As pretensões dos timorenses ganharam um novo ímpeto no
final deste ano, depois da assinatura entre o Ministério do Petróleo e Recursos
Minerais de Timor-Leste e a Woodside Energy de um acordo de cooperação para
realizar estudos e atividades para desenvolver o conceito de Gás Natural
Liquefeito no país.
O acordo representa um marco significativo nos esforços
de longa data entre Timor-Leste e a Woodside para desbloquear o valor dos
campos de gás de Greater Sunrise.
No âmbito do acordo, vão ser realizados estudos para o
projeto de Gás Natural Liquefeito em Timor-Leste com capacidade de produzir
cerca de cinco milhões de toneladas por ano, incluindo fornecimento de gás para
uso doméstico e uma unidade para extrair hélio.
Segundo o Governo, a implementação daquele projeto pode
gerar mais de 78 mil milhões de dólares em impostos diretos e ‘royalties’ para
o país e mais de 17.000
postos de trabalho.
No próximo ano também vão prosseguir as negociações das
fronteiras marítimas com a Indonésia, que tiveram início este ano.
Timor-Leste deu início, em agosto, à primeira ronda
formal de negociações da fronteira marítima com a Indonésia, após mais de uma
década de diálogo informal, encontros exploratórios e trocas de informação
técnica, mas segundo o primeiro-ministro timorense começou efetivamente na
semana passada. A fronteira terrestre entre os dois países ainda não está
concluída, faltando delimitar um pequeno trecho em Oecussi.
No próximo ano também se devem começar a conhecer os
candidatos às eleições presidenciais de 2027, numa altura em que Timor-Leste
debate alterações à Constituição para aplicar no país o sistema de Governo
presidencialista, em substituição do actual semipresidencialismo de pendor
parlamentar.
As alterações à Constituição de Timor-Leste têm de ser
aprovada por maioria de dois terços dos 65 deputados em efetividade de funções
no Parlamento Nacional.
Em 2026, Timor-Leste vai assinalar também o 35.º
aniversário do massacre do cemitério de Santa Cruz, cujas imagens correram
mundo e foram determinantes para o processo que terminou com a ocupação
indonésia. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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