O
cenário pós-pandemia de coronavírus (covid-19), imaginado por vários
economistas e por agências e institutos de análise de mercado mais renomados do
País e do exterior, apresenta-se bastante nebuloso. Já idealizado como a maior
crise econômica desde a Grande Depressão de 1929, esse cenário prevê uma queda
no Produto Interno Bruto (PIB) global de 2,4% em 2020, seguida de um
crescimento de 5,9% em 2021, segundo projeções da empresa norte-americana de
consultoria financeira Standard and Poor´s 500, ou apenas S&P,
renomada por seus índices para bolsas de valores de todo o mundo.
Para
o Brasil, esse cenário de brutal recessão econômica é ainda mais nebuloso,
levando-se em conta a inoperância demonstrada pelo governo federal diante dos
efeitos da pandemia, em razão principalmente da postura esquizofrênica e
extravagante do presidente Jair Bolsonaro, ao pretender atribuir toda a culpa
pela situação do País aos governadores e prefeitos, entre outras posturas pouco
ortodoxas e levianas.
Trata-se,
evidentemente, de postura claramente de marketing de péssima qualidade,
que procura disfarçar uma tentativa frustrada de se eximir de um problema de
alcance nacional, cuja responsabilidade principal pelo enfrentamento deveria
caber a quem está à frente do poder central. Mas, ao tergiversar sobre o tema,
o presidente da República deixa à mostra que lhe faltam capacidade de liderança
e carisma para mobilizar a população brasileira. Infelizmente.
Todavia,
a par desse gravíssimo problema de saúde, o fato é que o empresariado nacional,
em especial o do setor agropecuário, conseguiu
expandir de forma espetacular, sem precedentes na história brasileira, a nossa produção, a ponto de torná-la
suficiente tanto para o consumo interno como para o externo, com claro
potencial de crescimento que coloca o
País em situação privilegiada também para o futuro.
Nesse
sentido, os números provam, de maneira inequívoca, o grande sucesso do
agronegócio brasileiro, que, já há alguns anos, vem alicerçando a economia
brasileira com o ingresso de grandes quantidades de dólares. Basta ver que a
produção de grãos para as safras de 2019/2020 está prevista para chegar à
impressionante marca de 250 milhões de toneladas. Somente para a soja, a
previsão é de uma colheita de 120,4 milhões de toneladas, enquanto para o milho
a projeção é de 100 milhões de toneladas.
Com
esse desempenho do agronegócio, o comércio exterior brasileiro, por
consequência, consegue se manter igualmente em crescimento constante,
registrando recordes nas operações em vários portos brasileiros e, em especial
no de Santos, que, ao longo dos anos, graças às privatizações e aos
investimentos das empresas ganhadoras de licitações públicas, tem dado um bom
exemplo de vitalidade.
Para
aproveitar esse excepcional nicho, o Porto de Santos só precisa ter mais
agilidade em sua administração para atender às melhorias de infraestrutura e
redução de custos, além de garantir áreas para a sua expansão. Menos mal que a
presidência da República, neste ponto, tenha optado por deixar a administração
dos portos nas mãos de técnicos que já estavam atuando na área e, assim,
puderam dar continuidade aos trabalhos que já vinham sendo desenvolvidos pelo
governo anterior, dentro do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI).
Dessa
maneira, não houve interrupções causadas por indicações políticas. Com isso, o
Porto de Santos e os demais mostram-se hoje em condições de atender prontamente
às necessidades que, com certeza, virão quando o País tiver superado os efeitos
da pandemia e começar uma nova fase de recuperação econômica. Milton
Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente do Grupo Fiorde, constituído
pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns
Gerais e Barter Comércio Exterior (trading company), todas com matriz em São
Paulo e filiais em vários Estados brasileiros. E-mail: fiorde@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
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