Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Brasil – Balança Comercial deficitária em 2014

Brasil fecha ano com deficit comercial pela primeira vez desde 2000

O Brasil fechou 2014 com um deficit comercial de US$ 3,93 bilhões. Esta é a primeira vez, desde 2000, em que o país encerra o ano com o resultado das importações superando o das exportações.

No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 225,1 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 229 bilhões.

Os números foram divulgados ontem, segunda-feira, 5 de janeiro de 2015, pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento) e são os piores desde 1998, quando o deficit no ano foi de US$ 6,6 bilhões.



O governo vinha adiando ao máximo admitir a possibilidade de deficit na balança comercial brasileira.

Até início de novembro do ano passado, mesmo com acúmulo de resultados negativos bilionários nas contas, o governo ainda insistia na possibilidade de terminar 2014 com saldo positivo.

Apenas ao consolidar os resultados do mês de novembro, quando foi registrado deficit de US$ 2,4 bilhões, o governo se viu forçado a revisar suas expectativas –o resultado foi o pior para meses de novembro dos últimos vinte anos, segundo indica a série histórica divulgada pelo ministério.

JUSTIFICATIVAS

Dentre as justificativas apontadas pela pasta para o mau desempenho da balança comercial está a retração nas vendas de manufaturados brasileiros (-13,7% frente a 2013), semimanufaturados (4,8% também em comparação com 2013) e de produtos básicos (-3,1% diante dos resultados de 2013).

Na lista de manufaturados são considerados, por exemplo, automóveis, plataformas de petróleo, açúcar refinado, autopeças, motores para veículos, aviões. Todos esses produtos fecharam o ano com índices negativos nas exportações.

Para semimanufaturados considera-se, por exemplo, a exportação de alumínio, óleo de soja bruto, cobre, ouro e ferro fundido, também com resultado inferior ao observado em 2013.

Da mesma forma, em produtos básicos entram produtos como milho em grãos, fumo em folhas e carne de frango, todos com redução nas exportações.

DEZEMBRO

Já as transações comerciais em dezembro apresentaram saldo comercial positivo. No mês foi registrado um superavit de US$ 293 milhões.

No período, as exportações atingiram US$ 17,49 bilhões –retração de 19,9% frente ao resultado de 2013.

As importações totalizaram US$ 17,19 bilhões, uma queda de 9,8% também em comparação com mesmo período de 2013.

CRISE

Os Estados Unidos passaram a ocupar, pela primeira vez, desde 2009, o lugar de principal destino das exportações brasileiras de manufaturados.

O país foi responsável por comprar o equivalente a US$ 13,17 bilhões desse tipo de produto brasileiro.

A Argentina, que liderava este ranking ao longo dos últimos anos, fechou 2014 em segundo lugar, absorvendo US$ 12,8 bilhões das nossas exportações de manufaturados.

De acordo com o secretário do Comércio Exterior do Mdic, Daniel Marteleto Godinho, o comércio com a Argentina foi afetado "duramente" pela recessão no país, com retração de US$ 5,3 bilhões no resultado das exportações, o que equivale a uma redução de 27% frente aos resultados de 2013.

"Em um cenário de queda na renda, os produtos que mais têm seu consumo diminuído são os manufaturados. Exatamente os principais produtos da pauta brasileira de exportação para Argentina", explicou.

PROJEÇÕES

Apesar do resultado negativo em 2014, as projeções para 2015 feitas pelo governo são positivas.

Godinho evitou anunciar o valor projetado para o resultado da balança comercial, mas afirmou que o governo está trabalhando para que haja superavit nas contas.

Entre os fatores que podem colaborar com um resultado melhor neste ano, Godinho listou uma possível redução do deficit na contra petróleo (US$ 16,6 bilhões em 2014), atrelado a um efeito combinado da queda dos preços internacionais com aumento da produção brasileira; o crescimento da economia americana em 2015; uma expectativa de câmbio mais favorável às exportações; aumento produção de minério de ferro, principalmente pela Vale; crescimento de 4% da safra brasileira de grãos –que pode romper pela primeira vez a barreira dos 200 milhões de toneladas, com ajuda do crescimento da produção de soja, estimado em 11%.

Já na lista de desafios que devem ser enfrentados neste ano está, por exemplo, a queda dos preços das commodities no mercado internacional, afetando a soja, milho e a venda de minério de ferro –o motivo seria um aumento da produção mundial–; as incertezas na economia internacional, já que, segundo avaliações do governo brasileiro, a recuperação econômica da União Européia "não empolga", estando estimada para crescimento de 1,3% no ano, frente o registrado crescimento de 0,8,% em 2014; a provável manutenção de um cenário de recessão na Argentina; a queda da economia Russa e o menor crescimento esperado para a economia chinesa. Júlia Borba – Brasil in "Folha de S. Paulo"

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