Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 1 de março de 2014

Guiné Equatorial – uma outra linguagem

Nos últimos dias, muito se tem falado em Portugal de um país africano, antiga colónia portuguesa até ao final do séc. XVIII e que se chama República da Guiné Equatorial. Comentadores e políticos que ainda há algum tempo não sabiam da localização deste pequeno Estado africano que faz fronteira marítima com São Tomé e Príncipe escrevem, falam, como se fossem os maiores conhecedores deste pequeno país, que tem a particularidade de ser na região africana onde está inserido, um dos três países que tem construído infra-estruturas de raiz, para além de Cabo Verde e Angola.

A Guiné Equatorial tem recebido muitos empresários e trabalhadores portugueses, que estando em Angola, têm descoberto um mundo de oportunidades, estruturado no seu plano governamental de desenvolvimento, denominado Horizonte 2020.

Esboço da futura capital

Nesse projecto onde está incluído a construção da nova capital do país, Djiblolo, que foi concebida por um atelier português, a empresa "Arquitectura e Urbanismo IDF - Ideias do Futuro" para uma área de intervenção superior a 8 mil hectares representando um marco em África, a construção de uma cidade inteiramente dependente de energias renováveis e sustentáveis.

No ano passado, 2013, realizaram-se eleições gerais, tendo o partido do presidente Teodoro Obiang, o PDGE, eleito 99 dos 100 deputados ficando a oposição apenas com um. O deputado eleito pela oposição representa o partido da Convergência para a Democracia Social (CPDS) membro da Internacional Socialista que realizou no passado mês de Dezembro o seu V Congresso Nacional, na cidade de Bata, na parte continental da Guiné Equatorial.

No dia 14 de Fevereiro de 2014, o CPDS, chefiado pelo seu Secretário-geral Andres Esono Ondo, líder da oposição do governo da Guiné Equatorial, fez uma visita de cortesia ao Chefe de Estado e divulgou um comunicado que passo a citar:

“Uma delegação do CPDS foi recebida pelo Presidente Obiang no Palácio do Povo, quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2014.

No dia de hoje, o Presidente da República, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, recebeu em audiência uma importante delegação da Convergência para a Democracia Social (CPDS), conduzida pelo seu Secretario Geral, Andrés Esono Ondo, seus três Vice Secretários-gerais, Pablo Mba Nzang, Marcelino Capote, e o Dr. Wenceslao Mansogo, respectivamente, bem como o Secretário de Assuntos Económicos, Recursos Naturais e Meio Ambiente, Marcos Manue Ndong Owono.

A reunião, que durou hora e meia, desenvolveu-se num contexto descontraído e muito cordial, e serviu como uma oportunidade para abordar, com franqueza, temas de interesse nacional e da actualidade política.

O Presidente Obiang deu as saudações de boas-vindas aos seus convidados e felicitou o novo Secretário-geral do CPDS, Andrés Esono Ondo, pela sua eleição democrática durante o recente Congresso Nacional do partido.

Por sua vez, Andrés Esono agradeceu o acolhimento, assim como as facilidades oferecidas pelo Governo para a organização do congresso.

Os temas abordados giraram, de um modo geral, sobre o mandato do V Congresso Nacional do CPDS, no sentido de solicitar ao Presidente Obiang a convocatória de uma Mesa de Diálogo Nacional que permitirá restabelecer a boa convivência política entre todas as forças vivas da nação, e reunirá todos os actores políticos do país (partidos políticos legalizados e não legalizados, internos ou no exterior).

Neste contexto, os representantes do CPDS transmitiram ao Presidente Obiang as suas preocupações sobre a organização de eleições na Guiné Equatorial, as manobras de enfraquecimento da oposição, o retrocesso nos direitos e liberdades adquiridos nos primeiros anos do processo de democratização, as dificuldades de acesso aos meios de comunicação estatais e da necessidade de dar meios próprios, para as populações desalojadas que estão sofrendo em Bata, Evinayong e Kogo.

O Presidente Obiang agradeceu este encontro e expressou a sua plena disposição de estabelecer um novo quadro para o diálogo entre todas as forças vivas da nação, para conduzir a um diálogo construtivo e discutir sobre a política geral do país, já que o Pacto Nacional Vinculante, se tornou obsoleto. O Presidente assinalou que vivemos tempos novos que deseja erradicar todos os males, trabalhar de maneira solidária e limar as asperezas.

A reunião encerrou com o compromisso de que o CPDS elabore um projecto para uma nova abordagem política que proponha e apresente ao Governo.” Fim do comunicado.

Entre os apoios que o CPDS obteve durante o seu Congresso, destacam-se o Secretário-geral da Internacional Socialista, Luis Ayala, a Vice Secretário-geral Elena Valenciano do PSOE de Espanha e Sigmar Gabriel do SPD da Alemanha.

Enquanto a maioria dos países da região, democracias ou ditaduras, sofrem a destruição, devido a conflitos étnicos, religiosos, a grande maioria fomentada por interesses externos aos territórios, a Guiné Equatorial tem um partido da oposição que pretende através do dialogo, se promova a verdadeira democratização do país. Baía da Lusofonia

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