“Então
pensei em ir pedir a quem realmente tem dinheiro e essas pessoas são os pobres.
Fiz um projeto de uma igreja pobre para gente pobre”, assinala o padre Edgar
Clara, referindo que num ano e meio já foram reunidos 150 mil euros, através de
ideias que se transformam em oportunidades.
Lisboa – A Câmara Municipal de
Lisboa e a Paróquia de São Cristóvão e São Lourenço vão promover um ciclo de
cinema dedicado ao tema da viagem (São Cristóvão é patrono dos viajantes) em
associações e coletividades da Mouraria.
A iniciativa, que vai ser
lançada esta quinta-feira, 07 de Julho de 2016, está ligada à exposição “Não te
faltará a distância”, um projeto desenvolvido em parceria com várias entidades
públicas e privadas, bem como grupos e projetos locais.
Uma aposta que tem com
principal objetivo a preservação e valorização do espaço da Igreja de São
Cristóvão, através da angariação de fundos para o seu restauro.
Depois de destacar trabalhos
de artistas como Madalena Victorino, Martin Monchicourt, Francis Alÿs e Rui
Chafes, a exposição idealizada “em quatro passos” fecha agora com o ciclo de
cinema “Sair”, que vai estar aberto ao público até 22 de julho.
Em destaque vai estar o filme
“Gabriel”, uma obra datada de 1976, inédita em Portugal, da artista Agnes
Martin (1912-2004) que conta a história de um menino de 10 anos de uma zona
rural do Novo México, onde a autora viveu e trabalhou.
Através das deambulações de
Gabriel, o filme pretende ajudar a refletir sobre “o homem como viajante,
peregrino na História, sem morada permanente ou sítio para reclinar a cabeça”,
realça Paulo Pires do Vale, o comissário desta exposição.
O ciclo de cinema, que vai
passar pela Igreja de São Cristóvão e por diversas coletividades do bairro da
Mouraria, inclui ainda a visionação de cinco outros filmes.
‘A Lua de Papel’, de Peter
Bogdanovich (08 de julho, às 21h30, no Largo de São Cristóvão); ‘Morangos
Silvestres’, de Ingmar Bergman (09 de julho, às 21h30, na Casa da Achada); e ‘A
Viagem em Itália’, de Roberto Rossellini (15 de julho, às 21h30, no Grupo
Desportivo da Mouraria).
Também ‘O Herói’ de Satyajit
Ray (21 de julho, às 21h30, na Associação Renovar a Mouraria); e ‘Peregrinação
Exemplar’ de Robert Bresson, (22 de julho, às 19h00, no Centro de Inovação da
Mouraria).
De acordo com o programa do
ciclo, “a viagem surge aqui como acontecimento central, possibilidade de
encontro com outros e de descoberta pessoal, pano de fundo de mudanças
essenciais”.
A inauguração deste ciclo de
exposição “Não te faltará a distância”, patente na Igreja de São Cristóvão, em
Lisboa, está marcada para esta quinta-feira às 19h00.
A igreja de São Cristóvão, no
bairro histórico da Mouraria, do Patriarcado de Lisboa, tem vindo a ser
recuperada com a ajuda dos “pobres”, que nunca tiveram medo de assumir o
projeto, explica o pároco local, padre Edgar Clara.
O sacerdote começa por
contextualizar que a igreja “ainda continua para ser recuperada, quer no seu
exterior, quer no seu interior” e recorda que, inicialmente, estava fechada,
abrindo pontualmente para celebrações.
“É um edifício magnífico do
século XVII, 1670, projetado por um padre, decano dos arquitetos, João Duarte,
e que pediram a Bento Coelho da Silveira, pintor régio, que pintasse 35 telas.
Todas as paredes, inclusive o teto, não é de Bento Coelho da Silveira, estão
repletos de pinturas”, explica o padre Edgar Clara.
No programa ‘8.º Dia’ do passado domingo, na TVI, o sacerdote referiu que foi “pedido ajuda” a diferentes
instituições, mas apesar do entusiasmo pelo projeto, todos ficaram assustados
quando se falava em “1 milhão de euros”.
“Então pensei em ir pedir a
quem realmente tem dinheiro e essas pessoas são os pobres. Fiz um projeto de
uma igreja pobre para gente pobre”, assinala, referindo que num ano e meio já
foram reunidos 150 mil euros, através de ideias que se transformam em
oportunidades.
Segundo o padre Edgar Clara,
recuperar a igreja de S. Cristóvão “é um projeto de multidões”: “Nós não
pedimos um milhão de euros a uma pessoa mas um euro a um milhão de pessoas e
têm vindo religiosamente entregar o seu euro, para a recuperação da Igreja”.
Um convite solidário que
ultrapassa as fronteiras geográficas do bairro histórico lisboeta: um sítio na
internet e as redes sociais são plataformas úteis para partilhar a causa.
O sacerdote assinala que se
desenvolveram ideias “à medida das bolsas de cada um”, principalmente, projetos
criativos com o qual as pessoas “ficassem atraídas e agradadas”, e destaca o
facto de “poderem deixar o seu nome escrito numa telha”, com um valor de 20
euros, ou mealheiros espalhados quais caixas de esmolas que aceitam donativos.
Já na Cozinha Popular da
Mouraria, um espaço para momentos de encontro e de partilha, nascem os
biscoitos de São Cristóvão, num processo paciente, como explicou a boleira da
Mouraria, Carina Amaro.
Uma Mouraria onde a presença
cristã se faz notar em inúmeros lugares, mais ou menos escondidos, como a
Capela do Senhor Jesus da Boa Sorte e da Santa Via Sacra, a Capela das Olarias;
o Convento do Coleginho, a primeira casa que os Jesuítas no mundo, ou um Rol de
Confessados, livros com data anterior ao terramoto de Lisboa. In “Ecclesia”
- Portugal
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