Criada em 2010, a Unilab – Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira tem como missão formar
pessoas para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais estados
membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os
países africanos e Timor-Leste. Com foco no ensino superior, no desenvolvimento
de pesquisas e na extensão universitária, ela busca promover o desenvolvimento
regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional. Hoje a
universidade conta com um total de 707 estudantes de sete diferentes países.
Leia abaixo a íntegra da entrevista que
fizemos com o reitor da Unilab, Paulo Speller:
1) Qual foi o objetivo que motivou a criação
da Unilab?
Na perspectiva de ampliar o relacionamento e
o conhecimento sobre África e o mundo de Língua Oficial Portuguesa, nasce o
projeto de uma Universidade Integrada Internacionalmente. A Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Unilab, de acordo com a
sua Lei de criação, tem como objetivo ministrar ensino superior, desenvolver
pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão
universitária, tendo como missão institucional específica formar pessoas para
contribuir com a integração entre o Brasil e os demais estados membros da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, especialmente os países africanos e
Timor-Leste, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio
cultural, científico e educacional.
No que diz respeito a sua localização, a
Unilab tem como premissa considerar o perfil local e regional, de profundas
desigualdades sociais e econômicas, apontadas pelos indicadores para a região
do Nordeste Brasileiro e do Maciço de Baturité. As marcas que revelam
territórios de pobreza e carências de infraestruturas básicas aproximam as
tarefas de promoção de um desenvolvimento socialmente sustentável entre
comunidades brasileiras e africanas em áreas prioritárias como Agricultura,
Saúde Comunitária, Educação Básica e Superior, Energia e Gestão Públicas,
dentre outras. Destaca-se, nesse sentido, a importância da educação, como
elemento de indução de um processo de desenvolvimento sustentável.
Os indicadores educacionais da região onde
situa-se a Unilab demonstram que a universalização do ensino fundamental ainda
não foi atingida, e que a qualidade da educação básica ofertada está aquém dos
níveis desejáveis, havendo carências também na oferta de ensino superior. Em
função disso, revela-se de grande significado para o desenvolvimento
socialmente justo e sustentável dessa região, à qual se vincula a UNILAB, que
ela atue em parceria com outras instituições, nacionais e africanas,
contribuindo para a melhoria da qualidade da educação básica, e demais áreas
prioritárias nos dois lados do Atlântico.
2) Quantos alunos ela atende hoje, e em quais
cursos?
A universidade tem hoje 707 alunos, dos quais
552 são brasileiros e 155 são estrangeiros. Os alunos de fora vêm de países
como Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor
Leste.
Quanto aos cursos, atualmente oferecemos
sete. São eles: Administração Pública, Agronomia, Bacharelado Interdisciplinar
em Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática, Enfermagem, Engenharia
de Energias e Letras.
3) Qual a importância do trabalho conjunto
dos países lusófonos no campo acadêmico?
Um dos propósitos da Unilab é formar pessoas
aptas para contribuir para a integração do Brasil com os países da África, em
especial com os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP,
com o desenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e
educacional da região. Esta integração se realizará pela composição de corpo
docente e discente proveniente não só das várias regiões do Brasil, mas também
de outros países e do estabelecimento e execução de convênios temporários ou
permanentes com outras instituições da CPLP.
A Unilab busca criar e compartilhar soluções
inovadoras para problemas gerados por processos históricos de desenvolvimento
similares entre Brasil e PALOP, de modo a auxiliar no fortalecimento de uma
rede internacional que, com respeito à soberania dos países sobre seus próprios
destinos, permita a realização de ações e intervenções de apoio técnico,
acadêmico e humanitário.
A cooperação entre instituições de Educação
Superior é tema de consenso entre autoridades do mundo inteiro. Nesse sentido,
os ministros de educação dos Estados Membros da CPLP registraram em encontros
realizados no âmbito desta Comunidade que convictos de que o intercâmbio entre
instituições de ensino superior é uma das formas mais profícuas de estímulo ao
desenvolvimento científico, tecnológico e cultural dos Estados membros; devem
ser estimulados o a) Intercâmbio de docentes e pesquisadores para a realização
de cursos de pós-graduação em instituições de ensino superior; b) Intercâmbio
de missões de ensino e pesquisa, de docentes e pesquisadores, de curta ou longa
duração, com vista ao desenvolvimento do ensino de pós-graduação; c) Troca de
documentação e publicação dos resultados das pesquisas realizadas conjuntamente;
d) Elaboração e execução conjunta de projetos de pesquisa.
O trabalho a partir da Lusofonia é uma
proposta que tem como base comum a língua portuguesa. Mas ela vai mais longe e
se constitui em um espaço que inclui as questões sociais, econômicas e de
estratégia geopolítica. A Lusofonia pode se constituir em um instrumento que
seja capaz de dar maior projeção e visibilidade para os países que a integram.
4) Quais as contribuições que a Unilab traz
às relações entre Brasil e África?
A política de relações institucionais e
internacionais da UNILAB parte do princípio de que o conhecimento em circulação
na universidade, sem perder de vista a universalidade própria da ciência,
deverá abrir espaço para o livre e amplo intercâmbio de conhecimento e cultura
entre o Brasil e os países de expressão portuguesa – em especial africanos. O
principal objetivo desta política será, portanto, criar espaços e ampliar meios
para que as instituições dos países parceiros da UNILAB desenvolvam este
intercâmbio na perspectiva da cooperação solidária e da qualidade acadêmica com
inclusão social.
Estas
políticas envolvem a promoção de relações e estratégias que perpassam:
§ apoio à seleção de estudantes e
docentes;
§ identificação e ampliação do quadro
de instituições/entidades/ associações parceiras, bem como das possibilidades
de cooperação;
§ divulgação permanente da UNILAB e
suas atividades junto a instituições, associações e entidades públicas e
privadas com interesse em participar e contribuir com seus projetos;
§ apoio à UNILAB e aos seus docentes
na criação de mecanismos e estratégias facilitadoras da mobilidade, da
cooperação acadêmica e cultural e da integração;
§ apoio à busca de fomento junto a
agências internacionais.
A prática efetiva da internacionalização na
Unilab, em termos de execução cotidiana e diálogos, pode ser descrita por meio
da cooperação solidária que compreende a construção de parcerias dentro das
ações conjuntas de projetos e a partilha em graus idênticos de visibilidade dos
parceiros africanos. A postura da cooperação solidária permite a aproximação
maior das partes envolvidas como um trabalho de mão-dupla. A perspectiva é de
troca, aproximação e compartilhamento de conhecimentos e tecnologia, e não de
simples transferência unilateral. O conceito deve permear todas as ações da
Unilab em suas relações com as parcerias africanas. Para isso, é importante a
mobilidade de profissionais envolvidos, contribuindo para o conhecimento local
dos países, fortalecendo a troca de experiências, conhecimentos e tecnologias.
5) Qual é a grande meta que você vê para o
futuro da Unilab?
A grande meta da Unilab consiste em
consolidar as relações com os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e o
Timor Leste em bases diferenciadas, garantindo a internacionalização da Universidade
pela cooperação solidária e pela mobilidade efetiva de docentes e discentes;
envolvendo IPES Brasileiras e Africanas e garantindo a formação de pessoas
aptas a criar e compartilhar soluções inovadoras para as demandas dos países
parceiros.
A cooperação na Unilab tem como foco a
modalidade acadêmica, centrada na formação de estudantes africanos e
brasileiros. Para atuar nesta formação existe a preocupação de demandas dos
países envolvidos visando para tal uma construção dos eixos em torno dos quais
serão estruturados os cursos. A Internacionalização do ensino na Unilab,
centrada na perspectiva de cooperação solidária, busca democratizar o
conhecimento, considerando as peculiaridades de seus parceiros e evitando a
homogeneidade da globalização. As questões suscitadas pelo ensino superior,
sejam locais, regionais ou globais, têm de delimitar vários contextos de
participação de forma a distinguir os participantes, assegurando o direito a
paridade em todos os níveis. in
Instituto Lula - Brasil
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