Para suportar a demanda
Os trabalhos de dragagem
e a existência de alguns portos de águas profundas permitem ao Brasil aparecer
ao mundo como uma boa opção para navios de grande porte. Mas para tanto o País
precisa também passar a oferecer terminais portuários com estrutura para
processar maior volume de carga em menos tempo. De sua parte, a iniciativa
privada vem cumprindo o que dela se espera, com investimentos pesados no setor,
cabendo ao poder público executar as obras de acesso que permitam no menor
espaço de tempo possível a redistribuição logística das cargas para todo o
País.
É de lembrar que,
segundo a Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), os terminais
privativos e os arrendados investirão, até 2014, R$ 25 bilhões e R$ 5 bilhões,
respectivamente, em equipamentos e obras de ampliação. Já as obras previstas no
Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) não seguem no ritmo que seria adequado
para acompanhar a velocidade dos negócios.
Eis aqui o fulcro da
questão: os acessos terrestres aos principais portos brasileiros continuam defasados.
Afinal, se navios com maior capacidade de carga começarem a atracar em portos
nacionais, o volume de contêineres operados tanto na importação como na
exportação será consideravelmente maior. E, portanto, haverá a necessidade de
um esquema de escoamento mais ágil.
Quem passa a qualquer hora
do dia pela entrada da cidade de Santos já conhece o drama criado por filas
quilométricas de caminhões. Se a situação já é grave, é de imaginar que só
haverá de se agravar, se medidas mais sérias não forem adotadas. Uma dessas
medidas seria a criação de pátios reguladores, ao longo do sistema
Imigrantes-Anchieta, no alto da Serra do Mar, de forma que descessem apenas
caminhões que já tivessem agendamento prévio para a entrega ou recebimento de
carga. Outra medida seria a autorização para que os terminais aumentassem a sua
área de armazenagem e construíssem berços de atracação.
Além disso, para
desafogar o trânsito em direção à Baixada Santista, é importante a construção
da Rodovia Parelheiros-Itanhaém, prevista desde 1994, que, com sua interligação
ao Rodoanel, haveria de atrair pelo menos 50% do tráfego de automóveis de
veranistas que buscam o Litoral Sul.
Levando-se em conta que,
com o fim da chamada “guerra dos portos”, Santos voltou a receber as cargas que
estavam sendo desviadas para portos de Estados que as atraíam com benefícios
fiscais, é fundamental que a estrutura do cais e das áreas retroportuárias,
incluindo os acessos, esteja preparada para suportar uma demanda que será
inevitável. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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