Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 18 de novembro de 2012

Descaramento


           Num mundo imaginário, suponhamos que havia um país democrático em que o governo, ao serviço dos cidadãos que o elegeram para um determinado período, preparava agora para o próximo ano o orçamento de estado.

            Esse governo, tinha ganho as eleições após um programa eleitoral em que prometia para os eleitores um desenvolvimento sustentado, uma saúde melhor e de proximidade, uma educação para todos e com um enquadramento social, uma justiça célere, uma segurança social de apoio às futuras mães até aos idosos que terminaram a sua vida activa e uma redução nos impostos.

            Ora, para surpresa de todos os cidadãos deste imaginário país, como se fosse um golpe de estado palaciano, o governo na preparação do orçamento de estado decidia, na sua moeda em circulação, aumentar de 100 para 200, isto é o dobro, os impostos que necessitava para o ano seguinte, além de cortes em todas as áreas sociais e económicas.

            Depois dos protestos, que entretanto se começaram a ouvir da sociedade civil, os governantes, após ouvirem os parceiros sociais, decidiram não aumentar para 200 mas sim para 150, os impostos que iriam cobrar no próximo ano e resolveram fazer uma conferência de imprensa a anunciar tal medida, que devido a um grande esforço financeiro para melhorar as condições económicas da população e face às propostas eleitorais, iriam reduzir em 25 pontos percentuais os impostos do ano seguinte, ao passar de 200 para 150!

            Neste mundo virtual que acabo de narrar, não cabem nomes como Mandela, Mujicas ou mesmo Corrêa, que são as raras excepções que por vezes os cidadãos do mundo real são premiados, mas por serem tão poucos, não conseguem inverter a máquina tentacular que vai oprimindo os povos do mundo. Baía da Lusofonia

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