Uma rede de logística para o País
SÃO
PAULO – Lançado em agosto pelo governo federal com grande aparato midiático, o
Plano Nacional de Logística: Rodovias e Ferrovias (PNL), embora tenha
estabelecido normas para o desempenho da atividade de motorista, inclusive
horário de descanso obrigatório, entre outras providências, não levou em conta
um dado fundamental para que a legislação seja cumprida: a falta de locais
adequados para serviços de higiene, alimentação e descanso desses
profissionais.
Na
verdade, o governo, antes de lançar o PNL, sequer se preocupou em fazer um
mapeamento que estabelecesse a presença de condomínios logísticos ou postos de
serviços ao longo da malha rodoviária nacional que possam oferecer boas
condições de infraestrutura para que a legislação baixada seja cumprida. Quer
dizer, faz-se uma legislação de primeiro mundo para um país que, em muitas de
suas regiões, ainda é de terceiro mundo.
Como
se sabe, a maior parte dos condomínios logísticos que existem no Brasil está na
região Sudeste (83%), enquanto a região Sul fica com 8,3% do total. O restante
(menos de 10%) está dividido entre as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste,
segundo dados do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de
Janeiro. Aliás, esta última região é a que menos infraestrutura oferece em
termos de condomínios logísticos, talvez porque a sua produção esteja
majoritariamente ligada ao agronegócio.
Já o Nordeste, com 7% do total, de
acordo com o estudo do Ilos, é pelo menos aquela parte do País que maior
evolução apresenta no setor, o que significa que pelo menos há uma preocupação
da iniciativa privada, diga-se de passagem, de suprir essa carência, obviamente
em função do crescimento econômico da região que se reflete na movimentação de
cargas.
Portanto,
está claro que o governo federal precisa também baixar outras medidas que
venham a incentivar a criação de redes de armazenagem e logística ao longo da
malha rodoviária brasileira para atender não só àquelas empresas que necessitam
de estrutura para fazer a consolidação de cargas com vistas à redistribuição e
outras operações bem como para atuar como área de apoio aos motoristas e outros
profissionais, oferecendo inclusive segurança pessoal e patrimonial e serviços
de alimentação. Hoje, esse tipo de infraestrutura só existe, praticamente, à
beira dos grandes eixos rodoviários na região Sudeste, em função da proximidade
com os grandes mercados consumidores e de alguns incentivos fiscais.
Atraídos
por esses incentivos e recursos a juros civilizados, os investidores poderiam
em pouco tempo aumentar a oferta de condomínios logísticos no Brasil, o que,
com certeza, iria se refletir positivamente não apenas na qualidade dos
serviços como nos preços dos aluguéis cobrados por seu uso, hoje considerados
excessivos. Tudo isso iria contribuir para o aumento da competitividade da
logística brasileira.
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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