Por
este rio acima
Por
este rio acima
deixando
para trás
a
côncava funda
da
casa do fumo
cheguei
perto do sonho
flutuando
nas águas
dos
rios dos céus
escorre
o gengibre e o mel
sedas
porcelanas
pimenta
e canela
recebendo
ofertas
de
músicas suaves
em
nossas orelhas
leve
como o ar
a
terra a navegar
meu
bem como eu vou
por
este rio acima
Por
este rio acima
os
barcos vão pintados
de
muitas pinturas
descrevem
varandas
e
os cabelos de Inês
desenham
memórias
ao
longo da água
bosques
enfeitiçados
soutos
laranjeiras
campinas
de trigo
amores
repartidos
afagam
as dores
quando
são sentidos
monstros
adormecidos
na
esfera do fogo
como
nasce a paz
por
este rio acima
Meu
sonho
quanto
eu te quero
eu
nem sei
eu
nem sei
fica
um bocadinho mais
que
eu também
que
eu também
meu
bem
Por
este rio acima
isto
que é de uns
também
é de outros
não
é mais nem menos
nascidos
foram todos
do
suor da fêmea
do
calor do macho
aquilo
que uns tratam
não
hão-de tratar
outros
de outra coisa
pois
o que vende o fresco
não
vende o salgado
nem
também o seco
na
terra em harmonia
perfeita
e suave
das
margens do rio
por
este rio acima
Meu
sonho
quanto
eu te quero
eu
nem sei
eu
nem sei
fica
um bocadinho mais
que
eu também
que
eu também
meu
bem
Por
este rio acima
deixando
para trás
a
côncava funda
da
casa do fumo
cheguei
perto do sonho
flutuando
nas águas
dos
rios dos céus
escorre
o gengibre e o mel
sedas
porcelanas
pimenta
e canela
recebendo
ofertas
de
músicas suaves
em
nossas orelhas
leve
como o ar
a
terra a navegar
meu
bem como eu vou
por
este rio acima
Fausto Dias –
Portugal
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