"Galego 180 graus"
“Completaram-se vinte
anos desde a assinatura da Carta europeia das línguas regionais e minorizadas,
um documento de grande valor, redigido para reconhecer a pluralidade
linguística do chamado velho continente e que significou um avanço mui positivo
no caminho da igualdade e da nom discriminaçom por motivos da língua falada.
Todo isto, e muito
mais, é o que devíamos estar realmente a comemorar no aniversário de tam
marcante documento. Mas a realidade é bem diferente, mostra um Reino de Espanha
que nom quer respeitar as leis e normas que ele próprio tem aceitado e
ratificado no ámbito internacional. Umha situaçom denunciada polos coletivos e
associações para a defesa do galego mas também polo Conselho de Europa nos seus
relatórios periódicos.
Neste passado Setembro
apareceu um novo relatório que voltava denunciar os descumprimentos da Carta
que comete o Estado Espanhol. E ainda doe mais, e torna-se mais
incompreensível, observar como a administraçom galega é cúmplice da estratégia
do papel molhado impulsada do governo de Madrid. Este novo relatório fai
especial ênfase na Educaçom e na Justiça, ámbitos em que denuncia importantes
retrocessos frente aos escassos avanços anteriores.
Também é o Conselho
de Europa quem volta chamar a atençom ao respeito da impossibilidade para poder
sintonizar as televisões portuguesas na Galiza. Umhas férridas e escuras
fronteiras audiovisuais que som excepçom numha Europa permeável ao tránsito
linguístico e cultural. Nom é a primeira vez que da AGAL denunciamos esta
situaçom. Desde 1992 tenhem sido várias as vezes que colaboramos para assinalar
os descumprimentos da legalidade vigente em matéria linguística.
Nom será desta vez
que desistamos em voltar pôr o ponto de atençom na necessidade de mudar o rumo,
de girar o leme 180º e aproveitar a riqueza e as potencialidades da nossa mais
importante criaçom coletiva como galegos e galegas. Vamos continuar a encorajar
as autoridades galegas, e sobretodo a cidadania activa, para aproveitar a
oportunidade que nos abre a nossa língua.
O galego é umha fonte
de riqueza imensa. A sua desapariçom, na Galiza, seria umha perda e um
empobrecimento incalculável. Do ponto de vista identitário e cultural mas,
falemos claro, também do ponto de vista económico. Somos o único país do mundo
que tem competência nas duas principais línguas románicas com maior pujança
mundial. E queremos perder isto? Que sentido tem? Queremos homologar-nos? Com
quem?
Temos a OPORTUNIDADE
diante de nós, só há que caminhar para a frente com decisom e sem desánimo. A
cidadania é consciente da necessidade de aproveitar todas as chances para poder
aumentar o nosso bem-estar colectivo, e ainda mais numha conjuntura de crise como
a atual. Cada vez mais galegas e galegos tenhem presente o POTENCIAL da sua
língua como algo positivo e que nos beneficia.
As autoridades
galegas nom deveriam ficar por trás. Num tempo em que estamos tam acostumados a
que os governos se desculpem nas directrizes europeias para desenhar o nosso
futuro, neste caso sim, deveriam assumir também as recomendações e propostas do
Conselho para cumprir a Carta. E assim poder acompanhar a sociedade na nova
singradura do galego polos mares da Lusofonia, um oceano onde navega em todo o
seu potencial.” Miguel Penas – Galiza in “Portal Galego da Língua”
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