Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 28 de dezembro de 2013

O futuro do Mercosul


De 2000 até 2013, as exportações mundiais passaram de US$ 6 trilhões para US$ 20 trilhões e a tendência é que continuem subindo, como consequência da formação de grandes blocos comerciais. O Brasil também se aproveitou muito desse crescimento. Tanto que nesse período as exportações brasileiras, que eram de US$ 55 bilhões, passaram para US$ 200 bilhões.

É um resultado significativo, ainda que esses números tenham sido impulsionados principalmente pela venda de soja e minério para a China e de carne e açúcar para o Oriente Médio. Melhor seria se tivessem sido impulsionados não por commodities, mas por produtos manufaturados de alto valor agregado.

Esses números só não são mais significativos porque o Mercosul não acompanhou esse crescimento, embora o Brasil tenha acrescentado combustíveis e aço à pauta tradicional, que incluía veículos e máquinas e equipamentos. De fato, o Mercosul, que já representou 17% do valor total do comércio exterior de seus associados, hoje está limitado a 12%. 

O que fazer para alterar esse quadro? Uma saída é acolher as sugestões do Conselho de Comércio Exterior do Mercosul (Mercoex), que reúne entidades representativas do setor privado dos quatro países que constituíram o bloco: Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Cámara de Exportadores de la República Argentina (Cera), Cámara de Importadores del Paraguay (CIP) e Unión de Exportadores del Uruguay (UEU).

Entre várias medidas, o Mercoex sugere que sejam levantadas as barreiras comerciais que ainda permanecem dentro dos parceiros do bloco. Muitas dessas barreiras nascem de uma visão excessivamente nacionalista dos governos e não refletem o que pensa a parte diretamente interessada, ou seja, o setor privado.

Outra sugestão do Mercoex é que sejam aceleradas as negociações com a União Europeia para a assinatura de um acordo comercial, o que se persegue há mais de uma década. Além disso, a entidade defende medidas que melhorem a competitividade das empresas que se valem das facilidades que o bloco oferece.

É de ressaltar que o Mercosul, 22 anos depois da assinatura do Tratado de Assunção, se ainda não alcançou a integração prevista à época de sua criação, vem desempenhando um papel fundamental, pois tem constituído uma espécie de “incubadora” para que pequenas e médias empresas tenham a sua primeira experiência em comércio exterior. Muitas delas a partir dessa “iniciação” têm conseguido abrir as portas de outros mercados no mundo.

O Mercoex defende ainda que seja firmado um acordo de proteção de investimentos do Mercosul e que o Paraguai seja reintegrado de forma plena ao bloco, inclusive assumindo o próximo mandato da presidência da entidade. Se Brasil e Argentina deixarem de lado divergências históricas e seguirem à risca as sugestões do Mercoex, com certeza, o Mercosul passará a ter um peso maior na pauta de exportações/importações de seus países-membros. Mauro Dias - Brasil

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Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

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