Lua
da cor do mel em Lisboa ganha destaque mundial
Na
noite escura de 13 Junho de 2014 sobressaiu uma Lua bem redonda, de cores quentes. A
sua imagem foi destacada num sítio da NASA.
Foto Miguel Claro - A Lua de Mel captada a seis quilómetros do Cristo-Rei |
O Cristo-Rei já serviu de
pano de fundo para muitas fotografias de turistas e casais de namorados. Mas a
13 Junho, Miguel Claro colocou-o em primeiro plano, numa sequência de
fotografias em que as cores invulgares e as proporções grandes da Lua cheia se tornam
evidentes. A imagem obtida por este astrofotógrafo e astrónomo amador foi
destacada pela NASA como foto do dia na categoria de astronomia.
O gradiente de cores, desde
um tom mais avermelhado ao início da noite até aos tons de ouro de uma Lua
redondinha à medida que a noite se desenrolava, desenhou uma linha oblíqua
perfeita no céu. Esta Lua de Mel em Lisboa, a designação que recebeu por causa
da sua cor, foi captada durante cerca de uma hora por Miguel Claro. Estava em
Algés, a cerca de seis quilómetros de distância do Cristo-Rei, local que lhe
permitiu registar com a sua máquina fotográfica a imensidão desse momento.
Não só o local foi estudado
como o momento para fazer a fotografia também foi pensado previamente, uma vez
que, nos dias que antecedem os solstícios (o solstício de Verão foi a 21 de
Junho), o Sol percorre o seu maior arco no céu do Hemisfério Norte, refere a
explicação do sítio Astronomy Picture of the Day ligado à agência espacial
norte-americana NASA.
“São imagens que requerem
sempre algum estudo prévio. Neste caso, a ideia era captar a Lua Cheia atrás do
Cristo-Rei. Como o monumento é muito grande, eu teria de me desviar bastante do
local. Daí ter ficado a cerca de seis quilómetros, o que possibilitava que o
Cristo-Rei tivesse um diâmetro aparentemente inferior ao da Lua”, explica ao
PÚBLICO Miguel Claro.
Apesar de muitas vezes se
pensar que a Lua é maior quando está próxima do horizonte do que quando está
bastante acima das nossas cabeças, na realidade isso não acontece. Com esta
fotografia, Miguel Claro quis demonstrar que tudo isso não passa de uma “ilusão
de óptica”.
“Temos de usar um ponto de
comparação próximo da linha do horizonte – uma casa, um edifício ou, neste
caso, um monumento – e criamos essa ilusão de que a Lua parece enorme”, diz o
astrofotógrafo. “Mas a imagem, como está feita em sequência, permite não só ver
a mudança de tonalidade da Lua, mas também perceber que o diâmetro dela é
sempre o mesmo”, acrescenta.
“Uma cor avermelhada
profunda deu lugar a um ouro pálido, à medida que a Lua Cheia subiu no céu da
noite”, refere o “site”, que destacou a imagem a 21 de Junho. Já Miguel Claro
recorda esse momento desta forma: “Ela começou com um tom mais avermelhado. E,
à medida que se foi afastando do horizonte, a luz já foi chegando [à Lua] de
forma um bocadinho mais directa e ela deixou de estar sob a influência da
turbulência atmosférica que existe próxima da linha do horizonte. Conforme foi
subindo, ganhou aquela tonalidade dourada.”
Apesar de não ser a primeira
vez que vê o seu trabalho destacado neste conhecido site de fotografia
astronómica da NASA, Miguel Claro fica sempre contente quando isso acontece.
“Foi especial.” Marta Lourenço –
Portugal in “Jornal Público”
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