Responsável por 25,8%
das movimentações da balança comercial brasileira, o Porto de Santos pode
começar a apresentar maior fluidez no escoamento de cargas a partir do
crescimento da utilização do modal ferroviário, abrindo espaço para um melhor
aproveitamento do modal rodoviário, hoje praticamente em xeque na região, já
que o cronograma das obras públicas na infraestrutura não acompanha o ritmo do
comércio exterior.
Esse crescimento da
opção ferroviária pode-se dar a partir da duplicação dos 264 quilômetros da
malha ferroviária que liga a região de Campinas ao Porto de Santos. Além disso,
as concessionárias América Latina Logística (ALL) e MRS Logística pretendem
investir R$ 250 milhões em melhoria da malha férrea e do transporte da safra
agrícola e outras cargas até o Porto de Santos.
Hoje, a participação do
modal ferroviário no Porto santista não ultrapassa 25%. E esse número inclui os
25% das exportações de açúcar do País que saem pelo complexo portuário. Com a
duplicação do ramal Campinas-Santos, esse percentual deve aumentar
consideravelmente.
É de lembrar que 55% das
safras de soja e milho, procedentes da região Centro-Oeste, chegam ao Porto de
Santos em cima de trens, mas os restantes 45%, praticamente, vêm em caminhões,
o que é suficiente para causar grandes congestionamentos nas vias de acesso à
zona portuária, mobilizando a Polícia Rodoviária, a Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp), a Secretaria de Portos (SEP) e a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), que procuram disciplinar o tráfego com a
imposição de multas aos caminhoneiros e terminais que não seguem as regras do
agendamento obrigatório.
Segundo experiência que
deu certo em grandes portos dos Estados Unidos, Europa e China, a saída para a
superação desse nó logístico é a ampliação do modal ferroviário. O que
preocupa, porém, é que a prevista fusão da ALL com a Rumo Logística venha a
ampliar o atual monopólio e causar algumas distorções. Não se pode esquecer que
a Rumo Logística pertence à Cosan, uma trading açucareira. Portanto, se a fusão
se concretizar, a ALL deverá priorizar o transporte de açúcar, deixando em
segundo plano o de milho e soja.
Se isso ocorrer, haverá
um aumento da utilização do modal rodoviário para o transporte de milho em
direção a Santos, o que significa mais caminhões nas rodovias e vias de acesso
ao Porto. E que haverá também maiores custos para os produtores, já que o frete
por trem é seis vezes mais barato. Sem contar que o caminhão polui o
meio-ambiente.
É de ressaltar que a ALL
atende hoje a 19 terminais, tanto de contêineres como de granéis, nas duas
margens do Porto. Neste ano, serão construídas mais linhas férreas ao lado de
armazéns e ampliados os pátios de manobra. Com a nova linha Campinas-Santos,
mais de 1500 caminhões deverão ser retirados por dia das estradas em direção ao
Litoral. Ao mesmo tempo, com a modernização e ampliação da capacidade de alguns
terminais portuários, haverá um giro maior e mais rápido de mercadorias e
vagões.
O que se espera é que
todos esses planos venham a se concretizar e que a movimentação de cargas no
Porto de Santos ganhe logo um padrão semelhante ao de portos-referência como
Houston, Antuérpia e Roterdã. Mauro Dias
- Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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