Por que
a sociedade não se posiciona contra os robôs assassinos?
Máquinas
que matam humanos
A realidade encontrou a ficção cara a cara no
campo da robótica.
Contudo, além do encontro estar passando
despercebido pela sociedade, a robótica parece ter chegado de forma menos
controlada do que a ficção previra.
Na ficção, conforme preconizado por Isaac
Asimov, as máquinas estavam sujeitas às Três Leis da Robótica:
•1ª: um robô não pode fazer mal a um ser
humano e nem, por omissão, permitir que algum mal lhe aconteça.
•2ª: um robô deve obedecer às ordens dos seres
humanos, exceto quando estas contrariarem a Primeira Lei.
•3ª: um robô deve proteger a sua integridade
física, desde que, com isto, não contrarie a Primeira e a Segunda leis.
Na realidade, enquanto alguns criam robôs que
ajudem paraplégicos a recuperar seus movimentos e explorar outros planetas, os
primeiros produtos a chegar ao mercado visam, ao contrário, ferir e matar.
O problema atingiu proporções que chamaram a
atenção da ONU (Organização das Nações Unidos), que, sem maiores divulgações,
reuniu-se para discutir a "ética" dos robôs assassinos pela primeira
vez.
Pesquisadores, especialistas em robótica e
até ex-comandantes militares reuniram-se em Genebra, na Suíça, para falar sobre
os recentes avanços em "armas letais autônomas", um eufemismo para
robôs assassinos ou armas robotizadas.
Os tópicos incluíram as questões éticas
envolvidas e quais leis estão sendo afetadas ou eventualmente desobedecidas
pelas máquinas de matar que, percebidas ou não, já estão em operação.
Os resultados da discussão só serão
conhecidos em Novembro, quando o grupo que dirigiu os trabalhos vai apresentar
seu relatório oficial.
Robôs
assassinos
O risco dos robôs assassinos não é mais uma
ameaça hipotética.
A Rússia acaba de equipar suas bases de
mísseis com robôs armados que podem atirar em qualquer invasor - ou humano
desavisado - de forma autônoma.
Enquanto isso, uma empresa na África do Sul
começou a vender robôs para combater manifestações da sociedade civil, citando
sobretudo as greves, um direito constitucional em virtualmente todos os países
do mundo.
De acordo com uma pesquisa da ONU, civis
foram mortos em 33 ataques com drones ao redor do mundo. No Paquistão, de 2.200
a 3.300 pessoas foram mortas por ataques de drones norte-americanos desde 2004,
400 dos quais eram civis. De acordo com os últimos dados do Ministério da
Defesa do Paquistão, 67 civis foram mortos em ataques de drones no país desde
2008.
Em 2006, o Japão decidiu adotar a primeira
lei de Asimov, argumentando que ainda não seria realístico dar atenção às
outras duas.
Mas os fatos mostram que já não é mais
suficiente confiar em humanos responsáveis para fazer robôs responsáveis.
"Não é mais 'muito cedo' para começar a
discutir esse tipo de questão, dada a velocidade de seu desenvolvimento,"
afirmou Linda Johansson, pesquisadora em ética robótica no Instituto Real de
Tecnologia da Suécia.
Por que a sociedade não se posiciona contra
os robôs assassinos?
Para quem os controla, os drones são o
supra-sumo da tecnologia. Para os civis em terra, são máquinas que matam
inocentes à distância, sem qualquer chance de defesa. [Imagem: KTH/Paul Fleet]
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Decisão
robótica
Linda sugere que, com a realidade atropelando
as previsões dos futurólogos, é necessário reconsiderar as leis internacionais
de guerra e examinar quem deve ser responsabilizado pelas ações dos robôs
avançados.
"Soldados podem matar outros soldados em
uma guerra - seria admissível que alguém do outro lado da terra ataque os operadores
que controlam os drones?" Questiona a pesquisadora.
Ela também questiona a ética de atribuir aos
operadores de drones a tarefa de rastrear uma pessoa à distância por dias,
eventualmente semanas, antes de disparar no momento "mais propício":
"Isso é diferente de soldados de combate comuns que enfrentam seus
adversários diretamente," diz ela.
"Em breve poderemos estar diante de uma
situação em que um operador controla dois drones em vez de um, por razões de
custo," prevê Linda. "Acrescente a isso a tendência humana de confiar
na tecnologia; agora imagine uma situação em que decisões muito rápidas devem
ser tomadas. Fica fácil deixar a etapa da decisão fora do circuito e entregar o
controle para o robô ou computador."
"O homem se torna o elo mais
fraco," conclui ela.
Valor
da vida
Na semana passada, um relatório da
organização Human Rights Watch pediu o banimento das armas robotizadas e
autônomas.
"Como máquinas inanimadas, armas
totalmente autônomas não podem verdadeiramente compreender nem o valor de uma
vida individual, nem o significado de sua perda", afirma a nota da
entidade.
Desde Asimov, muitas têm sido as preocupações
com o risco do surgimento de "máquinas assassinas".
Confiando que o futuro demoraria muito a
chegar, a sociedade não se preparou, e agora terá que lutar para evitar que o
problema atinja um ponto sem volta. Inovação
Tecnológica – Brasil
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