Ensino
de português para crianças chinesas: questões que vão além da língua – Nosso
Idioma
Os primeiros imigrantes chineses chegaram ao
Brasil em 1810 para cultivar chá, mas depois deles, muitos outros foram,
principalmente para vender produtos importados. A ida de chineses para o país
está crescendo. Segundo o Museu do Imigrante de São Paulo, estima-se que, hoje,
há 190 mil imigrantes e descendentes, a maioria mora em São Paulo. Os
imigrantes chineses que se instalam na cidade de São Paulo, em sua maioria,
trabalham em comércios nas regiões centrais (25 de março, Bom Retiro, Brás).
Quase todos que imigram levam a família,
quando não têm seus filhos lá. Assim, os filhos nascem como brasileiros e eles
podem tirar seus vistos e documentos no Brasil, regularizando sua situação. Os
filhos têm nacionalidade brasileira, mas não falam português, pois com poucos
meses de vida vão para China, para serem criados pelos avós. Ao ficarem mais
velhos, as crianças e/ou adolescentes voltam ao país para viver com os pais e,
em alguns casos, trabalhar nas lojas. Um colégio católico do centro de São Paulo,
juntamente com uma entidade católica, elaborou um projeto para atender as
crianças e os adolescentes chineses ou brasileiros que não falam português,
ajudando-os a se adaptar à cultura brasileira.
Ao chegarem no Brasil e se matricularem, os
alunos que já foram alfabetizados em mandarim, passam por, aproximadamente, um
ano de aulas de português, aprendendo a se comunicar de forma básica ou
intermediária, a fim de que consigam acompanhar as aulas do colégio ou começar
a estudar de forma regular em algum outro colégio. A primeira dificuldade que
precisam passar é o aprendizado do alfabeto romano, uma vez que o sistema de
escrita chinês é logográfico. Os alunos já conhecem a maioria das letras do
alfabeto, pois eles aprendem o sistema romanizado da fonética da língua chinesa
(pinyin), mas não conhecem o sistema de escrita do português, então há uma
grande dificuldade na aprendizagem do alfabeto, que geralmente é feito com a
ajuda de uma professora que fala chinês.
Muitos alunos, na maioria das vezes adolescentes,
não queriam ir para o Brasil, e por isso não querem aprender a língua, não se
esforçam, se comunicam apenas em mandarim ou no seu dialeto, ou tornam-se
rebeldes dentro da sala de aula. A dificuldade no ensino/aprendizagem da língua
portuguesa é maior, pois há o fator afetivo e de negação à língua, por isso,
muitos desses alunos não conseguem continuar seus estudos regulares no país e
acabam desistindo de estudar.
Já as crianças, quando ainda não
alfabetizadas, vão para o colégio, para as aulas regulares. E, aos poucos, os
alunos vão avançando os estudos na língua, até serem capazes de se comunicar no
ambiente escolar e conseguirem acompanhar as aulas do colégio. Percebe-se que
as aulas para os alunos chineses vão muito além de apenas ensinar a língua portuguesa,
mas também ensiná-los a cultura escolar brasileira. Luhema Ueti – Brasil in “Gazeta Brazilian News”
Luhema
Santos Ueti é
formada em Letras Português/Inglês pela Universidade Norte do Paraná, mestra em
Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo, leciona e
pesquisa o ensino de português para estrangeiros desde 2006.
Se você é professor e deseja fazer parte da
American Organization of Teachers of Portuguese, AOTP, visite o site www.aotpsite.net ou entre em contato pelo
e-mail info@aotpsite.org.
A AOTP
é uma entidade sem fins lucrativos e não governamental criada por professores
da Flórida em 2007. Está comprometida em valorizar e promover o ensino da
língua portuguesa, orientar professores estrangeiros no processo de habilitação
para lecionar nos EUA, assim como proporcionar atualização e aperfeiçoamento
profissional.Para ler mais sobre a American Organization of Teachers of
Portuguese, acesse www.aotpsite.org.
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