
Numa delas, criada por um
luso-descendente, filho de um casal de emigrantes que encontrou na Alemanha o
local de trabalho permitindo um futuro melhor. O jovem, depois de uma infância
a gozar férias na localidade de origem dos pais, estimulado pela qualidade
climática, beleza paisagística, decidiu, com o apoio das poupanças dos pais,
regressar a Portugal e investir numa fábrica de têxteis.
Mandou construí-la,
preocupando-se com a auto-suficiência energética, decidiu instalar painéis solares
no telhado do edifício e quatro mini eólicas em cada extremo do mesmo.
Uma centena de trabalhadores
chegam diariamente, de segunda a sexta-feira, por volta das 7h e 50M às
instalações, transportados por dois autocarros da empresa, para às 8 horas
iniciarem o trabalho com modernas máquinas computorizadas que permitem o
fabrico de tecidos de qualidade.
Por volta das 10H 30M há uma
paragem de quinze minutos para os trabalhadores descansarem e realizarem as
tarefas pessoais que considerem importantes. Às 13 horas os trabalhadores
deslocam-se para a cantina no interior das instalações, onde durante uma hora
têm acesso a uma refeição gratuita, escolhida na véspera entre quatro pratos
diferenciados. Nesta empresa não há
subsídio de almoço.
O regresso ao trabalho faz-se
pelas 14 horas e depois de um intervalo de quinze minutos a meio da tarde a
fábrica encerra às 17H 30M, regressando os trabalhadores a casa, transportados
novamente nos autocarros da empresa. Quem quiser usufruir, a empresa
disponibiliza gratuitamente às famílias dos trabalhadores, uma lavandaria para tratamento
da roupa, com acesso através de um cartão que permite a utilização até às 24
horas.
A empresa é um caso de
sucesso, com os seus produtos exportados para os exigentes mercados do centro e
norte da Europa. O empresário está a pensar aumentar a produção, contratando
mais trabalhadores. Tem sido convidado, mas recusa qualquer função política. A
empresa tem uma sólida situação financeira.
Os trabalhadores desta empresa
compram os seus haveres no comércio tradicional da vila, entre o encerrar da
fábrica e as 20 horas e ao sábado até à hora do almoço, pois da parte da tarde
e ao domingo as lojas estão encerradas.
A uma centena de metros
encontra-se a outra empresa têxtil, construída na mesma época, por um jovem de
uma família rica da vila, que apostou no mesmo equipamento que a entidade
anterior.
Os empregados podem entrar na
empresa das 8 h até às 10 horas, o almoço efectua-se entre as 12 e as 14 horas
e a saída das 17 às 20 horas. Não tem cantina, os trabalhadores têm uma sala
onde podem aquecer num micro-ondas o almoço trazido de casa, ou deslocarem-se a
um restaurante ou a casa para tomarem a refeição. Todos recebem um subsídio de
almoço que é recebido num cartão a utilizar, normalmente em estabelecimentos
que têm terminais de multibanco.
A empresa exporta uma pequena
parte da produção para o sul da Europa, o restante destina-se ao mercado
nacional e como demora muito tempo a receber dos clientes,transacciona à porta da
fábrica, em dinheiro, a clientes que depois vão vender em feiras ambulantes ou em
locais de passagem de pessoas, nas grandes cidades, no seu percurso entre a
casa e o emprego.
O empresário passa a vida entre
a fábrica e a agência bancária para tentar resolver os seus problemas. Uma das
soluções que pretende implementar é a redução de pessoal, pois os encargos são
elevados.
Os empregados, queixam-se que
trabalham muito, pois saem tarde da fábrica, mas em cada semana trabalham o
mesmo número de horas que a outra empresa, esquecendo-se que na maioria das
vezes entram quase às 10 horas.
Como não conseguem fazer as
compras dentro do horário do comércio local e não têm acesso aos terminais
multibancos, os trabalhadores aproveitam o fim-de-semana para deslocarem-se à
sede do concelho, para utilizarem o valor do subsídio de almoço em aquisições
no hipermercado. Estes trabalhadores não contribuem para o desenvolvimento da
sua terra.
Este último empresário tem
movido influências, embora com as dificuldades da sua empresa, conseguindo que
um seu irmão tenha conseguido ganhar as eleições para presidente da junta de
freguesia.
Duas empresas, dois
percursos distintos, dois resultados díspares, devido a organizações individualizadas,
que levam a produtividades diferenciadas. Em qualquer entidade, o mais
importante são as pessoas. Baía da
Lusofonia
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