Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Moçambique – Regadio de Chimunda operacional na próxima campanha agrícola

Cerca de 500 hectares, metade da área prevista para se beneficiar da irrigação do sistema de Chimunda, no distrito de Govuro, na região norte da província de Inhambane, poderão acolher a próxima campanha agrícola que inicia em Outubro, com a conclusão das obras da construção daquela infra-estrutura hidráulica.

De acordo com a Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento Agrícola (FDA), Setina Beatriz Titosse, a edificação daquela infra-estrutura, que custou 19 milhões de dólares norte-americanos, termina em Setembro próximo e tudo está sendo feito para que os camponeses trabalhem em áreas intra-estruturadas já na próxima campanha agrícola.

Para o efeito, Setina explicou que o FDA, instituição do Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar, implementador do Projecto de Irrigação do Vale de Save (PIVASA) que arrancou com o regadio de Chimunda, está a concluir a elaboração dos termos de referência para o lançamento do concurso público para a contratação do gestor daquela infra-estrutura que, segundo explicou, pela sua complexidade, necessita de uma seriedade e maturidade e, acima de tudo, de uma entidade com alguma experiência na área para a gerir sem problemas.

O FDA, em coordenação com o Governo da província de Inhambane, optaram pela gestão público/privado, onde o Estado assume a liderança do desenho de políticas e o privado terá a função de assegurar a operacionalização dos objectivos do Governo, que passam pela garantia da intensificação da produção alimentar nas culturas já identificadas, nomeadamente hortícolas, arroz, amendoim, feijões, milho e outras variedades, a manutenção dos equipamentos e assegurar a produção.

A PCA do FDA, que semana passada trabalhou em Chimunda, para a preparação da recepção do empreendimento já tido na província de Inhambane como sendo verdadeira alavanca da revolução verde, indicou que os primeiros camponeses beneficiários das áreas irrigadas serão aqueles que foram retirados da área do regadio para dar lugar à edificação da infra-estrutura hidráulica e reassentadas em Xicudo.

“Na próxima safra agrícola, nem toda área estará disponível porque, nesta visita, constatamos que existem trabalhos adicionais que deverão ser realizados, concretamente o nivelamento de algumas zonas para permitir que a água escorra como se impõe. Por isso, nesta primeira fase, na próxima época agrícola, calculamos em cerca de 500 hectares, dos quais 40 por cento serão distribuídos ao sector familiar e 60 por cento ao sector privado”, explicou Setina.

Dados facultados pela PCA do FDA, em Chimunda, referem que, neste momento, decorrem na infra-estrutura trabalhos de acabamentos da construção, nomeadamente a conexão de alguns tubos dos canais secundários e primários, a montagem de alguns equipamentos no centro de captação bem como a conclusão das obras da casa agrária que contem oito unidades anexas.

Prevista produção de 17 mil toneladas

O regadio de Chimunda enquadra-se no âmbito da implementação do projecto de irrigação do vale do Save, que inclui a construção de outro regadio na região de Paunde, no distrito de Mabote. Espera-se que na primeira fase Chimunda possa produzir pouco mais de 17 mil toneladas de culturas de rendimento, uma produção considerada suficiente para reduzir, em grande medida, o défice alimentar, não só no distrito de Govuro mas também na zona norte da província de Inhambane que, anualmente, tem sido fustigada pela crise alimentar como consequência da seca prolongada e estiagem que cria o descalabro total nas safras agrícolas.

Os primeiros sinais de retorno do investimento feito, segundo as previsões da PCA do FDA, poderão começar a chegar cerca de oito a dez épocas agrícolas depois do início da operacionalização do empreendimento que estará equipado com oito tractores e respectivos implementos, um camião para o escoamento de produtos agrícolas para os polos de comercialização, entre outro material necessário para ajudar os camponeses a trabalhar a terra.

Em relação ao regadio de Paunde, no distrito de Govuro, que faz parte do PIVASA, gerido pelo FDA, Setina Titosse explicou que decorrem neste momento acções de mobilização de fundos para a sua concretização.

Refira-se que o projecto de Chimunda foi financiado pelo Banco Árabe de Desenvolvimento Económico em África (BADEA), o Fundo da OPEC para o Desenvolvimento, OFID e pelo Governo moçambicano em 19 milhões de dólares norte-americanos.

São objectivos desta infra-estrutura, cuja construção iniciou em 2012 a cargo da Empresa Nacional de Obras Públicas (ENOP), mitigar os efeitos das secas cíclicas no norte da província de Inhambane devido à baixa precipitação na zona, bem como transformar a agricultura de subsistência em comercial, de forma a possibilitar o desenvolvimento do sector familiar para que contribua para a melhoria da segurança alimentar no país e a promoção de um sector empresarial que participe no desenvolvimento rural e na redução da pobreza. Victorino Xavier – Moçambique in “Jornal de Moçambique”

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