Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Guiné Equatorial - Comércio Internacional 2009 - 2013

Comércio Internacional de mercadorias
Guiné-Equatorial face ao mundo e à CPLP
(2009 a 2013)


Walter Anatole Marques   
Julho 2014



No passado dia 23 de Julho, durante a X Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu em Timor-Leste, a Guiné-Equatorial1 foi aceite, por consenso, como membro de pleno direito desta Organização.
No texto que se segue pretende-se analisar as trocas comerciais efectuadas pelo novo Estado-membro com o mundo e no contexto da CPLP, ao longo dos últimos cinco anos.
A Balança Comercial de mercadorias da Guiné-Equatorial é superavitária, com saldos de 7,1, 10,4 e 8,6 milhões de Euros respectivamente em 2011, 2012 e 2013, anos em que os elevados graus de cobertura das importações pelas exportações atingiram 387,6%, 682,6% e 428,5%.



Após quebras anuais em 2011 e 2012, as importações aumentaram em 2013 (+24,0%). Por sua vez as exportações cresceram de 2010 a 2012, para acusarem uma quebra em 2013 (-11,3%).
Os principais mercados de origem das importações da Guiné-Equatorial em 2013 foram os EUA (25,6%), a Espanha (15,3%), a China (12,1%) e Singapura (11,3%).
Seguiu-se a França (5,3%), a Itália (4,7%) e Portugal (3,0%), este com fornecimentos a crescerem sustentadamente ao longo dos últimos quatro anos, embora de menor monta.



1- Localizada na África Ocidental e banhada pelo Oceano Atlântico, a parte continental da Guiné Equatorial faz fronteira com os Camarões a Norte, e com o Gabão a Leste e a Sul. A sua capital, Malabo, situa-se na ilha de Bioko (antiga Fernando Pó, a que o navegador português aportou em 1471), no Golfo de Biafra. Compreende ainda outras ilhas:Ano Bom, a Sul de S.Tomé e Príncipe, Corisco, Elobey Grande e Pequeno, e ilhotas adjacentes, ao largo do Gabão. Com uma população de cerca de 760 mil habitantes e uma superfície de apenas 28000 Km2,  tem por línguas oficiais o Espanhol, o Francês e recentemente também o Português.


As importações originárias da Nigéria, essencialmente petróleo, que em 2009 e 2010 haviam representado respectivamente 63,4% e 52,3% do total, anularam-se nos dois últimos anos, na sequência do grande incremento verificado na exploração deste produto no país, cuja exportação em número de barris por habitante se aproximará já da do Kuwait.


Os principais mercados de destino das exportações da Guiné-Equatorial em 2013 foram a China (17,2%), o Japão (14,0%), o Reino Unido (12,8%) e a França (10,5%).

Seguiu-se a Espanha (7,5%), o Brasil (6,8%) e os EUA (6,5%), tendo Portugal ocupado a 14ª posição, com apenas 1,8%).

Em 2013, a maior percentagem das importações efectuadas pela Guiné-Equatorial, por agrupamentos de produtos, incidiu nas “Máquinas” (39,0%), com destaque para a máquinas e aparelhos mecânicos.
Seguiu-se o “Material de transporte” (16,0%), compreendendo tanto automóveis como outro material de transporte, os “Minérios e metais” (14,1%), com destaque para os metais, e os produtos “Agro-alimentares” (12,1%), em que o vinho e outras bebidas alcoólicas e também as carnes ocuparam lugar de relevo.
No agrupamento “Produtos acabados diversos” (8,0%), incluem-se produtos muito diversificados, como cerâmica e vidro, entre outros.
Uma referência ainda ao agrupamento “Químicos” (5,8%), com destaque para os plásticos e para a borracha e suas obras.  
















Nos últimos cinco anos as exportações dominantes por agrupamentos de produtos couberam aos “Energéticos”, essencialmente petróleo bruto, com quotas compreendidas entre 92% e 95%.
Entre os restantes agrupamentos, uma referência ao dos “Químicos” (3,5% do total em 2013), quase que exclusivamente produtos químicos orgânicos, como benzeno ou xileno, “Material de transporte” (1,6%), principalmente partes de aeronaves e da “Madeira, cortiça e papel” (1,2%), praticamente apenas madeira.













São ainda pouco significativas, embora tendencialmente crescentes, as quotas globais da CPLP nas importações e nas exportações da Guiné-Equatorial, sendo mesmo nulas ao nível de alguns Estados-membros.

A Balança Comercial da CPLP com a Guiné-Equatorial, no conjunto dos seus anteriores oito Estados-membros, registou um valor das importações superior ao das exportações ao longo dos últimos cinco anos.
Os principais intervenientes em ambos os fluxos foram o Brasil e Portugal, que conjuntamente averbaram a quase totalidade das trocas.
Nos cinco anos em análise não se efectuaram importações, com origem na Guiné-Equatorial, em Angola, Guiné-Bissau e Timor-Leste.
As importações em Moçambique ocorreram apenas em 2013.
Por sua vez, no mesmo período, não houve lugar a exportações para a Guiné-Equatorial a partir de Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste.
Cabo Verde apenas efectuou escassos fornecimentos em 2012 e S.Tomé e Príncipe em 2011 e 2012.




















As importações globais na CPLP por agrupamentos de produtos, com origem na Guiné-Equatorial, centraram-se na sua quase totalidade, ao longo dos cinco anos em análise, no agrupamento “Energéticos”.





















A excepção ocorreu em 2012, ano em que se registou uma importação da ordem dos 150 milhões de Euros no agrupamento “Material de transporte”. Tratou-se neste caso da importação pontual, em Portugal, de uma aeronave.
Em 2013 as importações de “Energéticos” pelo conjunto dos países da CPLP, principalmente petróleo bruto mas também gás de petróleo, ultrapassaram os 920 milhões de Euros.
As exportações da CPLP por agrupamentos de produtos, com destino à Guiné-Equatorial, bem mais diversificadas, dirigiram-se em 2013 principalmente para os agrupamentos “Minérios e metais” (34,3%), “Agro-alimentares” (18,2%) e “Máquinas” (18,1%).






















Seguiram-se os agrupamentos “Energéticos” (9,5%), “Químicos” (8,1%), “Material de transporte” (5,4%) e “Produtos acabados diversos” (4,5%).
Com pesos inferiores a 1%, o “Vestuário e calçado” (0,9%), a “Madeira, cortiça e papel”  e as ”Peles, couros e têxteis” (com apenas 0,5% cada).
Os exportadores de produtos “Energéticos” em 2013 para este país exportador de petróleo bruto e de gás, foram o Brasil (betume de petróleo e refinados) e Portugal (betume de petróleo principalmente, asfaltos e óleos lubrificantes).
Julho de 2014.

Walter Marques - Portugal para o blogue Baía da Lusofonia















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