Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Caminho


                    Casamansa: 367 anos de um longo caminho de resistência

        Desde que Gonçalo Gamboa Ayala, capitão navegador fundou em Ziguinchor, a primeira feitoria portuguesa em Casamansa no ano de 1645, nenhum dos nossos antepassados casamanseses suspeitava da longa marcha para a liberdade que estava reservada às futuras gerações.

            A 12 de Maio de 1885, apenas um ano após a Conferência de Berlim que consagra a partilha de África pelos países europeus, portugueses e franceses chancelam em Paris a famosa convenção de troca franco-portuguesa. Portugal cede a Casamansa à França em contrapartida recebe o Rio Cassini (Guiné-Bissau). Todas estas negociações foram acordadas na época, sem o consentimento da Casamansa. Devo dizer que o espírito colonial reinava em África.

            No entanto a esperança dos casamanseses estava bem firmada pelos três tratados de protectorado de estado para estado entre as três entidades da Casamansa e a França:

- 04 Fevereiro de 1850 em Sédhiou, com o Rei Bodian Dofa da Média Casamansa (Boudié-Pakao)

- 03 Novembro de 1883 com o Rei Moussa Molo Baldé da Alta Casamansa (Fouladou)

- 07 Maio de 1893 em Bona, com o Rei Fodé Kaba Doumbouya da Baixa Casamansa (Fogny)

            O governador Camille Guy que transferiu em Novembro de 1908 a capital da Casamansa de Sédhiou para Ziguinchor, conferiu-lhe um estatuto especial. O Administrador superior Noirot propôs então criar uma Casamansa independente. Repentinamente a libertação invadiu os corações.

            O nascimento do Movimento das Forças Democráticas da Casamansa de Victor Diatta e do Movimento Autónomo de Casamansa de Assane Seck antes de 1960, deram assim à Casamansa as estruturas políticas para conduzir o destino do país.

           Então, pode o Senegal apropriar-se por engano da Casamansa? Pergunta-se a uma população experiente se está consciente do seu passado. Ninguém está enganado!

          Se o fim do calendário Maia não anunciou o fim do mundo em 21 Dezembro de 2012, mas o início de um renascimento, acreditemos forte, hoje em 2013, será para a Casamansa a esperança da liberdade, da independência e da paz. Bintou Diallo – Casamansa – Casamance

Nota:
Gonçalo Gamboa e Ayala era filho de Marcos Ayala e Gamboa e de Maria Madalena Gonçalves e neto de Diogo Ayala e Catarina Gamboa. Prestou serviço nas armadas da Índia, foi capitão-mor de Cacheu, nomeado por D. João IV a 16 de Julho de 1641, Governador e Capitão-General das ilhas de Cabo Verde, nomeado a 12 de Junho de 1649, tomou posse a 29 de Junho de 1650 governando durante quatro meses, até 09 de Outubro de 1650, data do seu falecimento em Ribeira Grande. Baía da Lusofonia

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