SÃO PAULO – Relatório preparado pela
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), da Organização das
Nações Unidas (ONU), mostra que o porto de Santos, apesar da crise econômica
que o País atravessa , manteve em 2016 a liderança em movimentação de
contêineres, ainda que tenha registrado um declínio de 5,1% na movimentação de
cargas.
De acordo com o levantamento, o porto
de Santos operou 3,3 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20
pés), número ligeiramente inferior ao informado pela Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp), que apontou a movimentação de 3,5 milhões. Essa
divergência já havia sido registrada em relação à movimentação de contêineres
em 2015, quando o relatório da Cepal apontou a operação de 3,6 milhões e a
Codesp, de 3,7 milhões de TEUs.
Independente dessa divergência, o que
se deve assinalar é o papel desempenhado pelo porto de Santos, que, segundo
dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), alcançou
em abril a maior participação do ano até agora na balança, com US$ 31,7 bilhões
comercializados, o que representa 27,6% do total acumulado pelo comércio
exterior do País no período, que foi de US$ 114,9 bilhões.
Nas exportações, o valor das transações
pelo porto de Santos foi de US$ 18,4 bilhões no acumulado do ano, o que
equivale a uma participação de 27%, levando-se em conta que o total negociado
pelo País foi de US$ 68,1 bilhões. Já nas importações, o resultado entre
janeiro e abril foi de US$ 13,4 bilhões, correspondente a 28,6% do total
brasileiro (US$ 46,8 bilhões), o que mostra que, ao contrário do que ocorria há
30 ou 40 anos, o porto de Santos assumiu hoje um viés mais exportador.
A presença majoritária de Santos no
comércio exterior brasileiro é mais evidente quando se vê a diferença que
registra em relação aos demais portos do País, à frente de Navegantes, terminal
privado da Portonave em Santa Catarina, que movimentou 895,3 mil de TEUs, e Paranaguá-PR, que movimentou 725 mil TEUs.
Entre os 20 maiores portos do continente latino-americano e Caribe, Navegantes
aparece em 16º lugar e Paranaguá em 20º.
De acordo a Cepal, imediatamente
atrás de Santos estão dois complexos portuários do Panamá: Colón, que registrou
a movimentação de 3,2 milhões de TEUs, e Balboa, com 2,9 milhões. Embora as
diferenças econômicas e territoriais entre o Brasil e o Panamá sejam colossais,
os dois portos panamenhos movimentam juntos mais que Santos, Navegantes e
Paranaguá (6,1 milhões de TEUs contra 4,9 milhões de TEUs).
O que explica isso é que o Canal do
Panamá funciona como corredor entre a economia do Leste dos EUA e a Ásia e a
Oceania. É de se assinalar que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, a
primeira economia da região, é de US$ 2 trilhões, enquanto o do Panamá, a 11ª,
é de US$ 52,1 bilhões. A título de exemplo, é de se lembrar que o PIB dos EUA é
de US$ 18,2 trilhões.
A China, com a participação de 20,4%
no período, ou US$ 3,74 bilhões, EUA, com US$ 2 bilhões (11,4%), Argentina
(7,4%), Holanda (2,9%) e México (2,8%) são os cinco principais importadores
pelo cais santista. Entre os exportadores, estão a China, com 21,8% (US$ 21,9
bilhões) do total do porto, EUA, com 16,3% (US$ 2.1 bilhões), Alemanha, com
8,7%, Coreia do Sul, com 4,8%, e Japão, com 4,6%. Milton Lourenço - Brasil
___________________________________________
Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário