Sem
encomendas que garantam a sobrevivência do setor, o Estaleiro Atlântico Sul
admite que pode fechar
As mudanças na gestão da
Petrobras com relação à Política de Conteúdo Local podem ser o golpe de
misericórdia no setor naval do País, sobretudo para os negócios instalados em
Pernambuco. É que a decisão da estatal de comprar navios e plataformas no exterior,
motivada por questões econômicas, pode terminar de sufocar os já cambaleantes
estaleiros Atlântico Sul (EAS) e Vard Promar, instalados em Suape. Há anos os
empreendimentos tentam, sem sucesso, conquistar novas encomendas para
sobreviver depois de terem as suas carteiras corroídas pela crise de contratos
da petrolífera e os impactos da Operação Lava Jato.
Depois de o Governo do Estado
ter alardeado, no ano passado, a conquista de novas encomendas que dariam
sobrevida ao EAS (13 navios para a Staco, garantindo trabalho até 2022), o
presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Harro Burmann, admitiu, em entrevista ao
Valor Econômico, que o negócio ainda não se concretizou porque depende do aval
da Petrobras. Diante da ausência de novas encomendas - a Transpetro cancelou
metade do seu pacote -, o empreendimento pode fechar as portas em 2019.
“Sem a adoção de medidas
governamentais com relação ao Fundo de Marinha Mercante e ao BNDES para
promover crédito; e sem revisão da decisão da Petrobras de importar navios e
FPSos (unidade flutuante), é real o risco de o EAS e todos os demais estaleiros
brasileiros virem, em um futuro próximo, a ter que encerrar as suas
atividades”, afirmou em nota a administração do EAS. No caso dos navios, a
regra determina um percentual de 75% de conteúdo local.
O problema é que, somente o
EAS emprega diretamente 3,8 mil pessoas mais cerca de 700 terceirizados. Já o
Vard Promar, também carente de novas encomendas, emprega mais 1,6 mil pessoas
diretamente e outras 1,5 mil indiretamente, nas contas do Sindicato dos
Metalúrgicos de Pernambuco - Sindimetal-PE. “Nosso temor é ter estaleiros fechados
como em outros estados”, comentou o presidente do Sindimetal-PE, Henrique
Gomes.
Ele diz que, no EAS restam
apenas cinco navios do tipo Aframax para construção, com finalização prevista
para 2019. Já o Vard tem quatro navios. “Dois prontos e dois somente para
encaixe”, revelou, preocupado. O Vard Promar não respondeu às perguntas da
reportagem. Além da carteira, as dívidas do setor inquietam o sindicalista.
“Sabemos que o EAS tem débito de R$ 1,3 bilhão com o BNDES.
Considerando outros bancos, a
dívida ultrapassa R$ 350 milhões este ano. Se ele não conseguir prorrogar essa
dívida e contratar novos financiamentos pode chegar à recuperação judicial”,
avaliou Gomes.
Até o fim deste mês, o
Sindimetal pretende realizar um ato para denunciar a situação do setor naval em
Pernambuco. Também articula uma reunião com parlamentares da bancada de
Pernambuco no próprio EAS e, em um segundo momento, pretende mobilizar uma
audiência pública sobre o tema na Assembleia Legislativa do Estado. In “Folha
de Pernambuco” - Brasil
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