Em
Outubro, na mesma altura em que se realizará a Feira Internacional de Macau,
vai decorrer no território um evento sob o titulo “Cidades Sustentáveis”, com o
objectivo de criar projectos concretos, mediante as prioridades de cada país
lusófono, com recurso aos fundos disponibilizados por Pequim. A informação foi avançada
ao Jornal Tribuna deMacau pelo secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho que faz
um balanço positivo da visita à RAEM durante a qual também foi abordada a
possibilidade de um alargamento das bolsas universitárias concedidas pela Fundação
Macau
A 20 de Outubro, no segundo
dia da Feira Internacional de Macau (MIF), vai ter lugar um evento intitulado
“Cidades Sustentáveis”, organizado pela União das Cidades Capitais de Língua
Portuguesa (UCCLA), com a participação de representantes de vários países
lusófonos, avançou o secretário-geral da UCCLA em declarações ao Jornal Tribuna
de Macau.
“A administradora do Instituto
de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) sugeriu que Angola
fosse o país em destaque na próxima MIF e, na sequência desses contactos, houve
um consenso em realizar um evento, no dia 20 [de Outubro] sob o título ‘cidades
sustentáveis’, com o objectivo de trazer a Macau um conjunto de representantes
das cidades lusófonas, africanas em particular”, indicou Vítor Ramalho.
“A UCCLA tem a consciência
absoluta que, dentro de 15 anos, 80% da população mundial viverá nas cidades e
grande parte das 20 principais cidades mais povoadas está na China, outras na América
Latina e duas em África, portanto, é fundamental respondermos às preocupações
das cidades sustentáveis”, apontou.
Nesse campo inserem-se, nomeadamente,
questões como a segurança urbana, a mobilidade, as infra-estruturas de
saneamento básico, “a própria concepção de cidadania e a sua proximidade às autoridades
de gestão do próprio município”.
Para o responsável “é lógico”
que o evento se realize em Macau, não apenas por representar a principal
plataforma entre a China e os países lusófonos mas também pela importância de
Pequim no mundo actual. “A China tem um papel relevante a desempenhar [no mundo
actual], não vale a pena pôr a cabeça debaixo da areia”.
Neste encontro, serão
apresentados projectos concretos “que possam ser dinamizados pelo fundo criado
pela China, e que agora tem sede em Macau, para ser um todo coerente em que as
cidades dos países de língua oficial portuguesa possam apresentar propostas na lógica
das prioridades, fazendo parcerias entre empresas desses países e companhias
chinesas porque só assim faz sentido e a China disponibilizou as verbas com
essa finalidade”.
Após apresentação dos
projectos, tudo vai depender “da dinâmica que as próprias empresas e as
autarquias tenham” e da associação de empresas chinesas às de outras cidades,
além do recurso ao fundo para a lusofonia.
“São projectos exequíveis se
existirem instrumentos financeiros desta natureza”. “Até temos ideia de, nesse evento,
envolver outras instituições financeiras internacionais como o próprio Banco
Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Desenvolvimento para haver
respostas que sejam coerentes e articuladas”, adiantou Vítor Ramalho.
Mais bolsas universitárias
Nos encontros com o Chefe do
Executivo, Chui Sai On, e com o vice-reitor da Universidade de Macau (UM), Rui Martins,
representantes da UCCLA mencionaram também a possibilidade de alargar as bolsas
de estudo atribuídas a jovens vindos de países lusófonos. “Falámos também da
questão universitária, do eventual alargamento de bolsas de estudo a estudantes
lusófonos. Tudo isso é útil para reforçar os laços não apenas de natureza
cultural e universitária mas também com efeitos positivos na gestão futura de
quadros habilitados para os países de língua oficial portuguesa, sobretudo os
africanos”, frisou o secretário-geral da UCCLA.
Nesta área, Angola apresentou ideias
concretas. “Angola manifestou a vontade de que as 10 bolsas que são atribuídas
pela Fundação Macau possam ser reforçadas para 20, no próximo ano lectivo”.
Foi também mencionado, no
diálogo com Rui Martins, um intercâmbio maior entre as instituições de ensino
superior lusófonas e a UM. Essa cooperação pode ser muito benéfica, destacou
Vítor Ramalho. “A circunstância de acolher estudantes lusófonos, de exercer uma
acção formadora e dar conhecimento da realidade asiática, não é uma questão menor.
Além disso, a UM é altamente credenciada do ponto de vista da sua projecção,
não apenas na Ásia mas começa a sê-lo em todo o mundo”.
No programa da visita estava
também um encontro com Susana Chou, ex-presidente da Assembleia Legislativa, mas
não foi possível concretizar-se. “O tempo não deu para tudo. Seguramente, no
futuro teremos oportunidade, desde logo porque Susana Chou está a exercer uma
acção muito meritória na qualificação de quadros de países de língua oficial
portuguesa”.
Vítor Ramalho faz um balanço
“muito positivo” da visita ao território, apesar de reconhecer que “Roma e
Pavia não se fizeram num dia”. “Estão a ser reforçadas as bases para uma
solidificação das relações das nossas cidades com Macau. A perspectiva é
encorajadora”, destacou.
Apesar disso, ainda há muito a
fazer. “Falta concretizar o evento que vai ter lugar em Outubro, dar corpo aos
projectos, difundir esta imagem pelas cidades associadas da UCCLA, articular a acção
da UCCLA com a da associação empresarial de Luanda e, depois, reunir de novo
com a delegada de Macau em Lisboa para ver o que correu bem, o que podemos
melhorar, e preparar o futuro”.
Vítor Ramalho sublinhou ainda
que a intervenção de Macau na UCCLA é cada vez maior e assim deve ser, até por
ser uma “plataforma importante do ponto de vista do turismo”. “Há países de
expressão portuguesa que também são turísticos como Portugal, Cabo Verde ou o
Brasil e têm condições para reforçar essa atractividade turística e Macau tem
uma experiência absolutamente invulgar no turismo porque entram aqui mais de 30
milhões de pessoas por ano. Isso não é tarefa fácil”. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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