Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Macau – Evento "Cidades Sustentáveis"

Em Outubro, na mesma altura em que se realizará a Feira Internacional de Macau, vai decorrer no território um evento sob o titulo “Cidades Sustentáveis”, com o objectivo de criar projectos concretos, mediante as prioridades de cada país lusófono, com recurso aos fundos disponibilizados por Pequim. A informação foi avançada ao Jornal Tribuna deMacau pelo secretário-geral da UCCLA, Vítor Ramalho que faz um balanço positivo da visita à RAEM durante a qual também foi abordada a possibilidade de um alargamento das bolsas universitárias concedidas pela Fundação Macau



A 20 de Outubro, no segundo dia da Feira Internacional de Macau (MIF), vai ter lugar um evento intitulado “Cidades Sustentáveis”, organizado pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), com a participação de representantes de vários países lusófonos, avançou o secretário-geral da UCCLA em declarações ao Jornal Tribuna de Macau.

“A administradora do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) sugeriu que Angola fosse o país em destaque na próxima MIF e, na sequência desses contactos, houve um consenso em realizar um evento, no dia 20 [de Outubro] sob o título ‘cidades sustentáveis’, com o objectivo de trazer a Macau um conjunto de representantes das cidades lusófonas, africanas em particular”, indicou Vítor Ramalho.

“A UCCLA tem a consciência absoluta que, dentro de 15 anos, 80% da população mundial viverá nas cidades e grande parte das 20 principais cidades mais povoadas está na China, outras na América Latina e duas em África, portanto, é fundamental respondermos às preocupações das cidades sustentáveis”, apontou.

Nesse campo inserem-se, nomeadamente, questões como a segurança urbana, a mobilidade, as infra-estruturas de saneamento básico, “a própria concepção de cidadania e a sua proximidade às autoridades de gestão do próprio município”.



Para o responsável “é lógico” que o evento se realize em Macau, não apenas por representar a principal plataforma entre a China e os países lusófonos mas também pela importância de Pequim no mundo actual. “A China tem um papel relevante a desempenhar [no mundo actual], não vale a pena pôr a cabeça debaixo da areia”.

Neste encontro, serão apresentados projectos concretos “que possam ser dinamizados pelo fundo criado pela China, e que agora tem sede em Macau, para ser um todo coerente em que as cidades dos países de língua oficial portuguesa possam apresentar propostas na lógica das prioridades, fazendo parcerias entre empresas desses países e companhias chinesas porque só assim faz sentido e a China disponibilizou as verbas com essa finalidade”.

Após apresentação dos projectos, tudo vai depender “da dinâmica que as próprias empresas e as autarquias tenham” e da associação de empresas chinesas às de outras cidades, além do recurso ao fundo para a lusofonia.

“São projectos exequíveis se existirem instrumentos financeiros desta natureza”. “Até temos ideia de, nesse evento, envolver outras instituições financeiras internacionais como o próprio Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Desenvolvimento para haver respostas que sejam coerentes e articuladas”, adiantou Vítor Ramalho.

Mais bolsas universitárias

Nos encontros com o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e com o vice-reitor da Universidade de Macau (UM), Rui Martins, representantes da UCCLA mencionaram também a possibilidade de alargar as bolsas de estudo atribuídas a jovens vindos de países lusófonos. “Falámos também da questão universitária, do eventual alargamento de bolsas de estudo a estudantes lusófonos. Tudo isso é útil para reforçar os laços não apenas de natureza cultural e universitária mas também com efeitos positivos na gestão futura de quadros habilitados para os países de língua oficial portuguesa, sobretudo os africanos”, frisou o secretário-geral da UCCLA.

Nesta área, Angola apresentou ideias concretas. “Angola manifestou a vontade de que as 10 bolsas que são atribuídas pela Fundação Macau possam ser reforçadas para 20, no próximo ano lectivo”.

Foi também mencionado, no diálogo com Rui Martins, um intercâmbio maior entre as instituições de ensino superior lusófonas e a UM. Essa cooperação pode ser muito benéfica, destacou Vítor Ramalho. “A circunstância de acolher estudantes lusófonos, de exercer uma acção formadora e dar conhecimento da realidade asiática, não é uma questão menor. Além disso, a UM é altamente credenciada do ponto de vista da sua projecção, não apenas na Ásia mas começa a sê-lo em todo o mundo”.

No programa da visita estava também um encontro com Susana Chou, ex-presidente da Assembleia Legislativa, mas não foi possível concretizar-se. “O tempo não deu para tudo. Seguramente, no futuro teremos oportunidade, desde logo porque Susana Chou está a exercer uma acção muito meritória na qualificação de quadros de países de língua oficial portuguesa”.


Vítor Ramalho faz um balanço “muito positivo” da visita ao território, apesar de reconhecer que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. “Estão a ser reforçadas as bases para uma solidificação das relações das nossas cidades com Macau. A perspectiva é encorajadora”, destacou.

Apesar disso, ainda há muito a fazer. “Falta concretizar o evento que vai ter lugar em Outubro, dar corpo aos projectos, difundir esta imagem pelas cidades associadas da UCCLA, articular a acção da UCCLA com a da associação empresarial de Luanda e, depois, reunir de novo com a delegada de Macau em Lisboa para ver o que correu bem, o que podemos melhorar, e preparar o futuro”.

Vítor Ramalho sublinhou ainda que a intervenção de Macau na UCCLA é cada vez maior e assim deve ser, até por ser uma “plataforma importante do ponto de vista do turismo”. “Há países de expressão portuguesa que também são turísticos como Portugal, Cabo Verde ou o Brasil e têm condições para reforçar essa atractividade turística e Macau tem uma experiência absolutamente invulgar no turismo porque entram aqui mais de 30 milhões de pessoas por ano. Isso não é tarefa fácil”. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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