SÃO PAULO – Embora
tenha sido definida por parte da grande imprensa como um fiasco, a última reunião
entre o presidente do Brasil, Michel Temer, e o da Argentina, Maurício Macri,
pode constituir o início de uma nova etapa na já longa trajetória do Mercosul,
acordo comercial nascido a 26 de março de 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção. É verdade que, depois de
26 anos de existência, o Mercosul não conseguiu viabilizar acordos com mercados
importantes e sequer alcançou o grau de zona da livre-comércio, mas os seus
números mostram que o bloco tem peso significativo na corrente de comércio do
País.
É verdade que,
nos últimos anos, a relação comercial entre os dois países definhou e muitos
produtos brasileiros perderam espaço no mercado vizinho. Com a ascensão de Macri
à presidência, acreditava-se que essa tendência seria logo revertida, mas até
agora nada ocorreu. Basta ver que, em 2016, a corrente de comércio entre os
dois países foi 43,2% menor que no auge, em 2011. Em 2016, os embarques para lá
somaram US$ 13,4 bilhões, um recuo de 41% desde 2011, quando o País vendeu ao
parceiro US$ 22,7 bilhões.
Ou seja, em 2011,
a soma das importações e exportações chegou a US$ 39,6 bilhões e recuou para
US$ 22,5 bilhões em 2016. O resultado foi um superávit de US$ 4,3 bilhões para
o Brasil, mas que resultou do encolhimento da economia argentina. Para 2017, o
Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para a Argentina um crescimento de
2,7%. E o Brasil precisa se aproveitar disso.
Para o Mercosul,
em 2016, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), o Brasil exportou 18,3 bilhões, dos quais US$ 16,1 bilhões em
produtos industrializados, importando US$ 11,5 bilhões, dos quais US$ 8,4
bilhões de produtos industrializados. Em 2015, o Brasil havia exportado US$ 18
bilhões, dos quais US$ 15,7 bilhões de produtos industrializados, importando
US$ 12,2 bilhões, dos quais US$ 9,9 bilhões de produtos industrializados. O
Mercosul representou 9,8% dos US$ 185,2 bilhões referentes ao total das vendas
externas do Brasil em 2016. Em 2015, esse percentual foi de 9,4% do total das
vendas externas (US$ 191,1 bilhões).
Com a desistência
dos EUA da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), o setor exportador
brasileiro pode conquistar mercados importantes como Japão, Coréia do Sul e
Canadá, além de se aproximar mais da Aliança do Pacífico (México, Peru, Chile e
Colômbia). Desses países, aquele que se afigura como mais promissor nas
negociações é o México, com o qual o Brasil já tem assinado vários protocolos
comerciais. Além de carne processada, o México tem interesse na soja e no milho
produzidos no Brasil. É de se lembrar que Brasil e México são as duas maiores
economias da América Latina.
Como a União
Europeia também parece incomodada com a nova orientação seguida por Washington,
parece claro que este seria o momento de o Mercosul procurar fechar o acordo
que vem sendo negociado com aquele bloco desde 2000. Para tanto, porém, Brasil
e Argentina antes precisam se integrar mais, apresentando o Mercosul uníssono e
revitalizado para seguir adiante nas conversações com esses parceiros. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é
presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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