Portugal é já o quinto maior
fornecedor de calçado da China. E a tendência é para subir no ranking. Em 2009,
a indústria portuguesa exportava 34 mil pares de sapatos para a China, no valor
de 646,5 mil euros. Ou seja, a um preço médio de 18,86 euros. Sete anos
volvidos, o país mais populoso do mundo multiplicou por 20 as suas importações
de calçado português. Em valor claro, que atinge já os 12,9 milhões de euros.
Em volume, o crescimento é de 2,7 vezes. E o preço médio é já o terceiro mais
elevado – 41,06 euros por par.
“É natural que se comece a ter
bons resultados na China, fruto de uma aposta consistente nos últimos anos.
Acresce que temos algumas empresas portuguesas que são já uma referência no
mercado”, diz Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS – Associação
Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus
Sucedâneos. Casos como a Tatuaggi, de São João da Madeira, que tem 5 lojas e 2
outlets da marca na China, operados por um parceiro local. Mas também a Nobrand,
Profession Bottier ou a Kyaia, entre outros.
“A estratégia de entrada é a
habitual na indústria portuguesa, com uma aposta sempre nos segmentos de
mercado mais elevados. O que permite que o preço médio cresça sempre mais. E a
verdade é que há pouco mercados no mundo dispostos a pagar mais de 40 euros por
cada par de sapatos exportado”, refere.
Na verdade, o mercado que mais
valoriza os sapatos portugueses é o chinês. A região administrativa especial de
Hong Kong comprou, no ano passado, três milhões de euros em sapatos, a um preço
médio por par de 44,99 euros. Quase o dobro do preço médio global de exportação
do setor, que foi de 23,74 euros. Em segundo lugar surge a Coreia, com 42,59
euros e, em terceiro, a China. A quarta posição no ranking é ocupada pelos
Estados Unidos/Canadá a uma distância considerável: 34 euros. Recorde-se que o
preço final ao consumidor é, normalmente, o triplo do preço de saída de
fábrica. Pelo menos.
Na China há vários anos, a
Kyaia, o maior grupo de calçado nacional, detentor da marca Fly London, assume
que os números de crescimento no mercado “são abismais”, mas que têm, ainda, um
peso diminuto nas vendas totais do grupo. “Todas as épocas crescemos, mas há
muita rotatividade de clientes. Mas já temos dois, pelo menos, com os quais
trabalhamos há seis épocas consecutivas. O que é muito positivo”, diz Amílcar
Monteiro.
A verdade é que, apesar do
potencial ser enorme, a realidade é complicada. Não só pela distância, mas pela
própria estrutura do mercado, onde o conceito de loja multimarca não existe
ainda. Questões que levam Sérgio Cunha, da Nobrand, a assumir que a China “vai
ser um mercado enorme, mas faltam anos para isso”. Embora tenha lá um showroom,
em Xangai, para ir marcando terreno.
Já a Profession Bottier
fechou, em dezembro, o seu showroom local. Não por desinteresse no mercado, que
Ruben Avelar classifica de “fascinante”, mas por “falta de capacidade de
investimento para alavancar o crescimento”. Ilídia Pinto – Portugal in “Dinheiro Vivo”
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