Carlos Morais José, escritor e
jornalista português radicado em Macau, volta às origens para um debate que se
propõe “abrir a porta de entrada para a comunidade literária luso-espanhola”. A
edição de 2017 do festival Correntes d’Escrita vai reunir autores que escrevem
em língua portuguesa e castelhana. A literatura de Macau está pela primeira vez
representada no encontro. A 18ª edição do festival literário arranca a 21 de
Fevereiro.
Na 18ª edição do festival
literário Correntes d’Escrita, a literatura em língua portuguesa de Macau
faz-se representar por Carlos Morais José. Convidado pela organização do
evento, promovido pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, o autor de “O
Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja” – obra lançada em finais de
2016 – vai participar numa das dez mesas redondas que integram o programa do
festival. As iniciativas propõem-se
debater as temáticas das oito obras finalistas do Prémio Literário Casino da
Póvoa. A Morais José juntam-se autores de vários pontos do globo, incluindo da
Guiné-Bissau, de Moçambique e de Portugal.
“Eu acho que será, neste
momento, talvez o escritor vivo – digamos – que melhor pode representar Macau
pela qualidade do seu trabalho, pela actualidade, porque ainda muito
recentemente editou um livro que teve as melhores referências de quem o leu e
de alguma crítica também. Portanto acho que ninguém melhor do que ele o poderia
fazer”, explicou o editor Rogério Beltrão Coelho ao Ponto Final, sobre o
convite do Correntes d’Escrita endereçado ao autor de Macau.
Num fórum onde vão estar
“escritores de língua portuguesa e de língua espanhola altamente considerados”,
a presença de um autor residente no território abre portas a uma literatura que
se depara com grandes dificuldades para entrar no mercado português, esclareceu
o responsável pela Livros do Oriente: “É importante que se saiba que, em Macau,
também se produz literatura. Portanto, será a primeira vez que se abre uma
porta para que dentro da comunidade literária luso-espanhola, se saiba que
existem em Macau autores e uma literatura pujante, moderna e de qualidade”,
referiu Beltrão Coelho. “Tudo isto são passos significativos para uma
divulgação cada vez maior daquilo que se faz em Macau em termos literários”,
reiterou.
Rogério Beltrão Coelho assume
que a falta de visibilidade da literatura produzida no território “não é de
hoje”: “A grande dificuldade foi sempre a de criar espaço em Portugal para a
literatura que se produz em Macau. Foram feitas várias tentativas, alguns
resultados foram obtidos mas sempre muito pouco significativos, ou, pelo menos,
não tanto como se desejaria”, referiu o também jornalista. O responsável pela
editora Livros do Oriente sustenta ainda que “o que é um facto é que hoje, em
Portugal, nos meios literários, conhece-se muito pouco daquilo que se produz em
Macau”.
No último dia do maior
festival literário português, à volta da mesa 9 e sob o tema “de um jogo frágil
de palavras se faz a literatura” estarão – para além do autor português
radicado no território – o escritor, realizador e músico português Afonso Cruz,
o escritor guineense Francisco Conduto Pina (que desempenhou funções como
deputado, secretário de Estado e ministro na Guiné Bissau), a escritora, actriz
e artista plástica portuguesa Marta Bernardes e o escritor e médico moçambicano
Mbate Pedro. O debate, que decorrerá pelas 10h, será moderado pelo jornalista
João Gobern.
O Correntes d’Escrita decorre
entre os dias 21 e 25 deste mês. No dia 22, o Presidente da República
Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, preside à cerimónia oficial de inauguração
do festival, que decorre no Casino da Póvoa. Francisco Pinto Balsemão,
empresário da comunicação em Portugal, é o convidado para a Conferência de
Abertura que acontece no mesmo dia, mas no Cine-Teatro Garrett. In “Ponto
Final” - Macau
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