Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 1 de março de 2016

Angola – Sobre a vida e morte de Lúcio Lara


Ontem, morreu Lúcio Lara.

Não é fácil, hoje por hoje, falar sobre a morte e, naturalmente, sobre o que apreendi da vida deste homem controverso, simplesmente, porque bem mais controverso foi o tempo em que viveu e em que se guindou para o patamar de um grande protagonista.

Lúcio e a sua geração, capitaneada por Agostinho Neto, foram profundamente marcados pela cultura de facção que nos transmitiram, a muitos de nós. É uma cultura condicionada pela onda avassaladora do nacionalismo africano do pós-guerra mundial, condimentada pelo ambiente de intolerância alimentado pela Guerra Fria.

Mas, se este é o senão colectivo que um homem de tamanha dimensão deixa: um país e um continente por que tanto lutou, sem razões para muitos sorrisos em ralação a um previsível futuro, há um testemunho e um legado que Lara sempre me sugerirá. Não sei se, neste tempo em que a escolha deveria ser o derrube do faccionismo e da intolerância para com “o outro”, para reconstruirmos um país e um continente onde caibamos todos, seremos capazes de seguir aquilo em que Lara foi um gigante: A força espiritual na escolha de uma causa que se julga justa, a coerência e a incorruptibilidade, sem a pretensão de se atingir a santidade, tão somente porque somos humanos.

Do Huambo, sua e minha terra natal, a homenagem a um grande homem que parte. Marcolino Moco – Angola in “Moco Produções”

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