Ontem, morreu Lúcio Lara.
Não é fácil, hoje por hoje,
falar sobre a morte e, naturalmente, sobre o que apreendi da vida deste homem
controverso, simplesmente, porque bem mais controverso foi o tempo em que viveu
e em que se guindou para o patamar de um grande protagonista.
Lúcio e a sua geração,
capitaneada por Agostinho Neto, foram profundamente marcados pela cultura de
facção que nos transmitiram, a muitos de nós. É uma cultura condicionada pela
onda avassaladora do nacionalismo africano do pós-guerra mundial, condimentada
pelo ambiente de intolerância alimentado pela Guerra Fria.
Mas, se este é o senão
colectivo que um homem de tamanha dimensão deixa: um país e um continente por
que tanto lutou, sem razões para muitos sorrisos em ralação a um previsível
futuro, há um testemunho e um legado que Lara sempre me sugerirá. Não sei se,
neste tempo em que a escolha deveria ser o derrube do faccionismo e da
intolerância para com “o outro”, para reconstruirmos um país e um continente
onde caibamos todos, seremos capazes de seguir aquilo em que Lara foi um
gigante: A força espiritual na escolha de uma causa que se julga justa, a
coerência e a incorruptibilidade, sem a pretensão de se atingir a santidade,
tão somente porque somos humanos.
Do Huambo, sua e minha terra
natal, a homenagem a um grande homem que parte. Marcolino Moco – Angola in “Moco Produções”
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