Está mais do que claro que, se
quiser sair da atual crise econômica, o País precisa, entre outras medidas que
incluem o famigerado ajuste fiscal, estabelecer uma política de comércio
exterior que preveja os instrumentos necessários para estimular as exportações,
pois só assim será possível gerar empregos e renda para fazer movimentar o
mercado interno. Obviamente, como nenhum país está interessado apenas em
comprar, é preciso também aumentar as importações.
Como se sabe, o País hoje paga
pela imprevidência e pelo amadorismo que marcaram as três últimas
administrações federais que, imbuídas de teorias terceiro-mundistas, relegaram
o Brasil a uma posição marginal no processo de dinamização do mercado global, apostando
apenas no avanço das exportações brasileiras nos mercados da América Latina e
África, a chamada política Sul-Sul, em detrimento das relações com os EUA, o
maior mercado do planeta, e a União Europeia (UE).
Nada contra essa expansão em
direção a América Latina e África, mas imaginar que esses mercados poderiam
substituir os mais ricos só pode ter sido elucubração de mente confusa. O pior
é que nem mesmo com as nações do Terceiro Mundo as negociações prosperaram,
pois é sabido que um tratado de comércio preferencial assinado pelo Mercosul
com a União Aduaneira da África Austral (África do Sul, Botsuana, Lesoto,
Namíbia e Suazilândia), em 2008, só agora em setembro de 2015 foi aprovado pelo
Senado brasileiro.
Além disso, tanto África como
América Latina são regiões que dispõem de limitada condição para oferecer
garantias, o que significa que, para vender mais para esses mercados, o País
teria de oferecer maiores vantagens que por enquanto estão muito além de sua
capacidade de competição, o que não é o caso, por exemplo, da China, que tem
articulado políticas mais agressivas e ampliado suas vendas nas regiões,
conquistando um espaço que poderia ter sido alcançado pelo Brasil.
Sem alternativas, o atual
governo entendeu que persistir nessa política equivocada só haveria de agravar
ainda mais a crise. Por isso, procurou se reaproximar do mercado
norte-americano e está tentando levar o Mercosul a formalizar um acordo com a
UE. Naturalmente, essa é uma política que leva tempo para ser amadurecida, mas
que já apresenta resultados palpáveis na medida em que os EUA voltaram a ser o
principal destino das exportações brasileiras.
Seja como for, é preciso que
haja maiores esforços para que seja aperfeiçoado o Proex Equalização, principal
programa governamental de apoio para o setor de manufaturados. Ao mesmo tempo,
é preciso ampliar o Proex Financiamento, estimulando maior participação de
micros e pequenas empresas. Hoje, esse programa atende, em média, 400 empresas
por ano, o que é um número modesto, levando-se em conta o universo de micros e
pequenas que desejariam ingressar no segmento. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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