Um ato de coragem insuperável contra a maior potência do Mundo de então. A única revolução sem apoio de qualquer exército contra o mais potente exército da altura.
Esta semana passará mais um
ano sob um dos maiores momentos da História portuguesa: O golpe que restaurou a
independência nacional depois de mais de meio século de submissão ao poder da
Espanha imperial dos Habsburgos.
Embora fosse o mais antigo
feriado nacional, criado na segunda metade do séc. XIX, um dos poucos feriados
monárquicos que sobreviveu à 1ª República, que atravessou a Ditadura e boa
parte do regime democrático, não resistiu aos golpes de títeres que confundiram
finanças de contabilista com marcadores fundamentais da nossa memória
histórica.
É certo que a Esquerda nunca
gostou deste feriado. Desprezou-o em nome dos seus preconceitos ideológicos, do
atavismo ridículo, permitindo que fosse apropriado por um nacionalismo bacoco e
ultramontano. Porém, a verdade é que foi a Direita mais radical que alguma vez
governou em democracia que haveria de o assassinar.
Nem a Esquerda, seja lá isto o
que for, nem a Direita, seja mais bronca ou mais culta, perceberam que 1640
abriu as portas para a expansão do maior ativo que Portugal entregou à
Humanidade – a sua própria Língua. Esta Pátria imensa, como lhe chamava
Fernando Pessoa, é falada por duzentos e cinquenta milhões de pessoas. É a
Língua mais falada no hemisfério sul, é um dos processos de comunicação mais
poderosos entre pessoas, entre comunidades, entre povos.
É um tesouro universal parido
em português e que só ganhou a dimensão extraordinária que hoje assume no
quadro das Nações graças ao movimento libertador liderado pelos duques de
Bragança, executado pelos fidalgos conspiradores e pelo povo de Lisboa. Um ato
de coragem insuperável contra a maior potência do Mundo de então. A única
revolução sem apoio de qualquer exército contra o mais potente exército da
altura.
Se esses punhados de homens e
de mulheres tivessem olhado a História com a mesma mediocridade com que é
vivida pela ignorância que nos governa, hoje a nossa Língua teria a dimensão do
catalão ou do basco, sem possuir a carta de alforria que a torna no maior
contributo português para a História Universal. Nenhum ministro das Finanças
será capaz de contabilizar o valor deste património na nossa balança de
pagamentos. Tem um valor infinito.
Garante o novo governo que vai
repor este feriado. É boa ideia. Mas que o faça recuperando o verdadeiro significado
que assumiu para a dimensão universalista de Portugal e da sua Língua. Moita Flores – Portugal in “Correio
da Manhã”
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