SÃO PAULO – O Tratado
Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que reúne EUA, Canadá, Japão,
Austrália, Brunei, Chile, Cingapura, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e
Vietnã, entrou em vigor no dia 5 de outubro, mas já é possível saber que será
danoso ao comércio exterior brasileiro, já que, com a eliminação de taxas de
importação e de pelo menos 50% das barreiras não tarifárias, as exportações
nacionais serão bastante afetadas. Afinal, os produtos vendidos entre os
países-membros do tratado ficarão comparativamente mais baratos. Hoje, o Brasil
exporta US$ 54 bilhões para os 12 países do TPP, 35% dos quais em produtos
manufaturados.
Esses produtos que
majoritariamente seguem para EUA, Peru, México e Chile passam a enfrentar a
concorrência do Japão e da própria nação norte-americana. No setor agrícola, os
prejuízos também já são visíveis tanto para o Brasil como para a Argentina, que
terão de enfrentar em desvantagem a concorrência de produtos da Austrália e
Nova Zelândia.
Se o Tratado Transatlântico
(TTIP) entre EUA e União Europeia (UE) vier a ser formalizado, a situação para
o Mercosul – e para o Brasil, que detém 70% do Produto Internacional Bruto
(PIB) da região – ficará ainda mais difícil. TPP e TTIP vão passar a ditar o
processo de formulação de normas de comércio e investimentos, esvaziando por
completo a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Basta ver que
só o comércio EUA-UE já é responsável por 70% das trocas mundiais.
E o Brasil? Até o final de
2014, o Brasil preferiu ignorar essas movimentações, ao contrário de Chile,
Colômbia, Peru e México, que, por meio da Aliança do Pacífico, incluíram-se nas
negociações para o TPP e com a UE. É de se lembrar que Colômbia, Coréia do Sul,
Taiwan e Filipinas já estão na fila para aderir ao TPP.
Sem alternativas, o atual
governo teve de deixar para trás antigas cantilenas terceiromundistas para
procurar uma reaproximação com os EUA, a partir de um acordo para harmonizar
normas técnicas. E quer desajeitadamente levar o Mercosul a um acordo com a UE,
mas com poucas chances de êxito, já que, além da política protecionista
defendida pela Argentina, os dois lados têm dificuldades para avançar as
negociações, cada qual acusando o outro de querer levar vantagens.
Dentro da nova orientação, o
governo conseguiu fechar um acordo automotivo com a Colômbia e começou a
negociar com o México a ampliação do comércio com tarifa zero. Já não é pouco,
mas insuficiente diante do atual quadro. Diante disso, parece claro que, para
recuperar o tempo perdido, o País não só deve procurar se inserir na economia
global a partir de sua adesão a grandes blocos, com o Mercosul ou não, mas
também fazer a lição de casa para reduzir o chamado custo Brasil que influi
diretamente na competitividade dos produtos nacionais. Sem preço não se vende
nada, como sabe o mais iniciante dos comerciantes. Mauro Dias - Brasil
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Mauro Lourenço Dias,
engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de
São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no
Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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