Com
início em julho de 2015, o LIFE Rupis é um dos mais recentes projetos financiados
pela União Europeia a decorrer em território português e espanhol, mais
concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) do Douro Internacional e Vale
do Rio Águeda e na ZEPA de Arribes del Duero. Com uma duração de 4 anos, este
projeto pretende implementar ações que visam reforçar as populações de
águia-perdigueira e britango no Douro transfronteiriço, através da redução da
mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor. O abutre-preto
e o milhafre-real são espécies também beneficiadas por este novo projeto.
Coordenado pela Sociedade
Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o novo projeto tem mais oito
parceiros, a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de
Conservação da Natureza e Florestas, a Junta de Castilla y León, a Fundación
Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation, a EDP
Distribuição e a Guarda Nacional Republicana. O projeto é cofinanciado pelo programa
LIFE da União Europeia.
O britango e a
águia-perdigueira estão em perigo de extinção, tanto em Portugal como em
Espanha. O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como
“Em Perigo” no território Europeu, onde as suas populações registaram um
decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de habitat. A
água-perdigueira tem um estatuto de “Quase Ameaçada” na Europa, devido ao
decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações. Na área abrangida
pelo projeto existem 13 casais de águia-perdigueira e uma das mais importantes
populações de britango da Península Ibérica, com 116 casais.
O LIFE Rupis, destaca-se por
ser um projeto transfonteiriço, com ações concertadas dos dois lados da
fronteira. Entre as várias ações destaca-se a alimentação artificial dirigida
ao britango, baseada numa rede de alimentadores fixos e móveis, que irá
permitir o aumento da disponibilidade de alimento perto dos locais de
reprodução da espécie. Pela primeira vez em Portugal vão ser marcados britangos
com emissores de satélite, para seguimento à distância e investigação dos seus
hábitos dispersivos e migratórios.
Serão desenvolvidas acções
pioneiras de combate ao uso ilegal de venenos, com equipas da GNR que utilizam
cães treinados, serão corrigidas linhas eléctricas com equipamentos
anti-electrocussão e anti-colisão de aves dos dois lados da fronteira e será
elaborado um plano de ação transfronteiriço para a conservação do britango.
Serão geridos mais de mil hectares de habitats importantes para as espécies
alvo e criada uma cerca móvel para alimentação de aves necrógafas, para
reforçar territórios com escassez acentuada de alimento. O resultado esperado
do projeto será o aumento da taxa de reprodução e a diminuição da mortalidade
não natural destas aves, nesta região justamente conhecida pela sua riqueza
faunística e beleza natural.
Domingos Leitão, coordenador
do projecto, salienta que “para além dos resultados positivos que se esperam ao
nivel das populações das espécies alvo, serão promovidas a agricultura e o pastoreio
tradicionais, bem como os seus produtos e serviços.” “Ao longo dos quatro anos
do projecto Rupis vamos promover e publicitar o Douro Internacional, através da
visitação, do turismo de natureza e dos produtos de qualidade, que serão
motores da conservação da natureza após o seu terminus.” In “SPEA”
– Portugal
Sociedade
Portuguesa para o Estudo das Aves – A SPEA é uma Organização
Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus
habitats em Portugal. A SPEA faz parte da BirdLife International, uma aliança
de organizações de conservação da natureza em mais de 100 países, considerada
uma das autoridades mundiais no estudo das aves, dos seus habitats e nos
problemas que os afetam
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