Macau
desperdiça a oportunidade de ser anfitrião das empresas brasileiras na China
A RAEM e Brasil partilham o
mesmo meio de pagamentos electrónicos – uma vantagem para empresários –, mas
falta marketing para os atrair.
Macau está a desperdiçar a
oportunidade de ser um parceiro preferencial nas relações comerciais entre a
China e o Brasil, sobretudo na área dos pagamentos electrónicos.
Para Cláudia Nunes,
investigadora da Fundação brasileira Getúlio Vargas e uma das oradoras da
conferência “Chinese-Lusophone Relations: China and Brazil”, organizada pela
Universidade de Ciências e Tecnologia, Macau devia ser o anfitrião das empresas
brasileiras por três razões: partilham uma língua, têm um sistema jurídico
muito semelhante e sobretudo têm um sistema de pagamentos electrónicos entre
bancos (o do BNU), o que permite poupar dinheiro às empresas brasileiras.
“As pessoas pensam que
investir por Hong Kong é mais em conta, mas não é. Lá usa-se a plataforma
inglesa [a Western Union] (…), enquanto que Macau, Angola, Moçambique, Brasil e
Portugal usam a mesma plataforma, a JAVA”, explicou ontem a professora à margem
do painel “China-Brazil Relations and Macau”.
Um exemplo? “Depende do
investimento, mas se uma empresa usar o BNU para transferir menos de 10 mil
patacas não paga nada. Se fosse em Hong Kong teria de pagar pelo menos de 2 por
cento [sobre a transacção]”, acrescenta a autora do estudo “How do Brazil and
Macau use ‘Electronic Payment’ to improve Chinese-Lusophone business relations?”.
As poupanças estão
relacionadas com a compatibilidade dos sistemas dos bancos. “Se uma plataforma
tem um sistema de desenvolvimento próprio e por um motivo qualquer este não
comunica bem com o outro banco, o que acontece é que o sistema fica completamente
inseguro e será preciso pagar a segurança, que é a taxa de administração”,
explica a professora. Logo, a transferência fica mais cara – um problema que
não acontece em Macau – mas que os investidores brasileiros não usam pois
preferem investir por Xangai ou Pequim.
Então o que falta para
chegar a estes empresários? “Marketing”, diz a especialista, acrescentando que
esse papel pode ser feito pelos media e pelo BNU.
Aliás, Macau apresenta ainda vantagens para os
investidores brasileiros como um sistema jurídico “muito semelhante” ao
brasileiro (o que facilita as transacções e os pagamentos electrónicos) e ainda
uma lei sobre os pagamentos electrónicos “muito boa” e que a especialista diz
ser melhor que a brasileira.
No mesmo painel Paul B. Spooner,
professor da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, assinalou que desde a
entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001, “as trocas
comerciais com o Brasil aumentaram quase 20 vezes, mas quase nenhuma dessas
transacções passou por Macau”. In “Ponto Final” - Macau
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