A Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) autuou 13 operadoras do Porto de Santos, entre
19 de fevereiro e 21 de março, por descumprimento das regras de agendamento
obrigatório para a descida de caminhões carregados com destino aos terminais do
Porto de Santos. Ao todo, foram lavrados 24 autos de infração que deverão ser
revertidos em multas.
Ainda de acordo com a
Antaq, 2.169 caminhões que carregavam soja, açúcar e suco de laranja foram
autuados, o que representa R$ 13,5 milhões em multas. É claro que as empresas
autuadas – tradings, terminais e produtoras de suco de laranja – podem ainda
recorrer, mas seria de bom alvitre se esse montante fosse revertido em obras
para melhorar as vias de acesso ao Porto e a abertura de pátios de
estacionamento dotados de infraestrutura para atender às necessidades de
higiene e alimentação dos caminhoneiros.
Mas, antes de tudo, o
volume de multas dá uma mostra incontestável da situação caótica que viveu o
Porto até agora – e ainda vive – com a chegada do período de escoamento das
safras de grãos e açúcar, que vai até julho. Até porque as medidas, se serviram para reduzir as filas na região
portuária, ainda não conseguiram dar ao processo de escoamento das cargas um
aspecto de civilidade.
Obviamente, as empresas
multadas têm explicações e justificativas para as infrações de que são acusadas
e apontam divergências na leitura eletrônica passada à Companhia Docas do Estado
de São Paulo (Codesp), a autoridade portuária. Nenhuma admite que tenha deixado
de fazer o agendamento obrigatório desde o início do ano.
O que é visível também é
que as condições de estacionamento oferecidas não são as ideais. Tanto que só
uma parte dos caminhões que fazem fila na Via Anchieta têm se transferido para
os pátios reguladores, ao final daquela rodovia. Muitos preferem ocupar
indevidamente acostamentos. Para tentar superar esse problema, a Codesp está
para assinar um convênio com a Prefeitura de Guarujá com o objetivo de ampliar
o acesso à Avenida Perimetral, que dá acesso aos terminais instalados naquele
município.
Como se vê, as saídas
buscadas apenas prevêem a melhoria e ampliação de obras viárias, esquecendo-se
de uma máxima do arquiteto Jaime Lerner segundo a qual todo viaduto só tem uma
finalidade: transferir o local do congestionamento. Isso significa que a saída
principal passa mesmo é pela redução do número de caminhões em direção ao
Porto, o que só pode ocorrer com maior investimento no aproveitamento do modal
ferroviário.
Se as safras de grãos,
açúcar e laranja chegassem ao Porto por trem, sobraria espaço para a carga
geral e as empresas dos diversos segmentos envolvidos na atividade portuária
não sofreriam tantos prejuízos. Mauro Dias
– Brasil
___________________________________________________________________
Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário