Arquitecto português desenhou circuito em
redor do “Ninho do Pássaro”
Mão portuguesa no circuito citadino de Pequim
O circuito urbano de Pequim que acolherá a
primeira prova do recém-nascido Campeonato FIA de Fórmula E, para carros
eléctricos, foi apresentado no final de Março e tem a particularidade de estar
a cargo da equipa liderada pelo arquitecto português, Rodrigo Nunes.
O traçado nascido em redor do Estádio
Olímpico de Pequim, que ainda está pendente da homologação da Federação
Internacional do Automóvel (FIA), terá um perímetro de 3,44 quilómetros e vinte
curvas, e é fruto da cooperação do gabinete de projectos português, da FIA,
Formula E Malásia, da Federação de Desportos Motorizados da República Popular
da China (FASC), do Comité do Parque Olímpico, do Team China Racing e das autoridades governamentais de Pequim.
A oportunidade de trabalhar neste projecto
surgiu no final de 2012 e tudo começou com o Circuito da Boavista, circuito que
nos anos ímpares tem recebido a corrida portuguesa do Campeonato do Mundo FIA
de Carros de Turismo (WTCC). “Somos os projectistas do Circuito da Boavista
desde o seu ressurgimento em 2005.
Nesse ano, foi idealizado um circuito que
permitisse a realização de provas nacionais de automobilismo. Após o sucesso do
evento em 2005 foi-nos pedido para propormos as adaptações necessárias, tanto
ao nível do traçado como ao nível dos sistemas de segurança, de modo a
possibilitar a realização de uma prova do Campeonato do Mundo. Essas propostas
foram feitas, aceites, e o Circuito da Boavista tem uma prova do WTCC desde
2007“, explicou o arquitecto luso ao HM.
O contacto com a Fórmula E ocorreu em 2012:
“um elemento da Fórmula E contactou-me referindo que sabia que o meu gabinete
era responsável pelo projecto do Circuito da Boavista, que conhecia muito bem a
sua evolução técnica desde 2005 e que pretendiam concretizar um campeonato do
mundo realizado única e exclusivamente em meio urbano”. O “know-how” adquirido na construção do circuito citadino portuense
tem sido valorizado, para além de permitir “desenvolver soluções técnicas
pioneiras que nos são hoje solicitadas para serem adoptadas noutros circuitos
urbanos.”
CARACTERÍSTICAS EM AMBIENTE ÚNICO
O traçado em redor do “Ninho do Pássaro” tem,
segundo o nosso interlocutor, características naturais “de um circuito
automóvel urbano puro que se podem resumir a curvas pronunciadas e espaço livre
limitado”. Claro que as condicionantes dos circuitos urbanos, como o Circuito
da Guia em Macau é o melhor exemplo, “são sempre um desafio para quem pretende
a realização de um evento desta natureza e serão trabalhadas de modo a
potenciar o grau de segurança e do próprio espectáculo”.
Nas largas ruas da capital chinesa, os
monolugares da Fórmula E serão capazes de atingir uma velocidade de ponta de
225 km/h, como tal, “as longas rectas serão pontualmente interrompidas, através
da criação de chicanes, potenciando a segurança nas zonas do circuito com mais
limitações, tanto físicas – existência de construções, edifícios, jardins, árvores,
etc. – como da própria configuração existente”, esclareceu o arquitecto.
Para o brasileiro Lucas di Grassi, vencedor
do Grande Prémio de Macau Fórmula 3 de 2004, ex-piloto de F1 e piloto da Audi
Sport ABT Formula E Team: “para os pilotos, será um desafio tremendo conhecer
os limites da pista com rapidez, assim como compreender os pontos de
ultrapassagem. Os lugares mais óbvios são a primeira e a última curva. O
circuito também vai requerer bastante tracção e estabilidade na travagem,
enquanto as zonas de recuperação de energia, nos pontos de travagem, irão
ajudar a estabilizar o carro.”
PITLANE ORIGINAL
A maior particularidade do circuito de Pequim
está no seu pitlane, em forma de “U”,
que para Di Grassi “é único e requer alguma prática especial para o fazer
certo, isto porque os pilotos terão que trocar de carros nas boxes.“ Esta foi a
solução encontrada pelo arquitecto Nunes para a falta de espaço existente, mas
que ao mesmo tempo “irá permitir uma situação de interacção única entre o
público, pilotos e a própria corrida”. As corridas da Fórmula E serão
realizadas num só dia, de forma a minimizar a interrupção que causam nas
cidades que acolhem os eventos. Uma sessão de treinos-livres, uma qualificação
e uma corrida de 60 minutos fazem parte de um programa que encerra com
concertos e animação de rua. A corrida de Pequim e de início de temporada está
marcada para o dia 13 de Setembro. Sérgio
Fonseca – Macau in “Hoje Macau”
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