Recebi um correio electrónico, escrito por
uma mão de pessoa amiga, hoje com 72 anos de idade, uma licenciatura em
Engenharia concluída no Instituto Superior Técnico (IST), 47 anos de dedicação à
Administração Pública, só deixando de trabalhar no dia em que fez 70 anos, por
ser obrigatório, semanalmente trabalhava pelo menos 60 horas, sem contar os
sábados e domingos, sempre pronto a apoiar os colegas mais jovens. Quem lidou
com ele, chefias ou colegas, reconhecerão nestas minhas palavras a pessoa que
me estou a referir. O seu texto que a seguir transcrevo é evidentemente um
grito de revolta de um “malandro” de
um funcionário público, mas tenho que acrescentar o que todos os políticos
prometeram e não se concretizou, a majoração do tempo de trabalho para efeito
de reforma, para todos aqueles portugueses que trabalharam mais de 40 anos.
“Meus caros amigos,
Repararam por acaso numa notícia que foi dada
ontem, dia 08 de Dezembro de 2012, na
TV, no noticiário da noite já não sei em que estação, sobre afirmações da
Troika acerca das pensões?
Elas têm que ser niveladas, dizem eles. Há
uma grande disparidade entre a média das pensões na actividade privada e as da
função pública.
A média da privada são 500 Euros e 82% dos
funcionários aposentados, ou qualquer coisa do género, têm pensões muito superiores.
Só 2% dos privados têm pensões de 1300 Euros,
enquanto no Estado são uma catrefada deles.
Não se diz que uma grande percentagem dos
aposentados da função pública são professores, médicos, enfermeiros, militares,
juízes, técnicos superiores e funcionários administrativos qualificados.
Mas também não falam na chusma dos adjuntos e
assessores dos gabinetes e respectivas alcavalas que recebem, nos milhares de
automóveis ao serviço dessa gente, nem nas pensões vitalícias que ainda têm
centenas de deputados e autarcas ao fim de meia dúzia de anos, nem nas benesses
exageradas que têm os ex-presidentes, etc., etc..
Não se diz que uma grande parte das pensões
da privada que entram para a média são de pessoas que nunca descontaram um
tostão para a aposentação. Será legítimo que as recebam, mas não a sair das
verbas da Segurança Social, para onde os outros descontam ou descontaram para
poderem ter uma velhice digna.
Não se diz que há pessoas que descontaram
durante 47 anos para a aposentação, e que, aposentados, continuam a descontar
como se estivessem no activo (só recebem 90% do antigo salário, IRS à parte).
Não se comparam as pensões por níveis. Não se
diz que a média da pensão de um licenciado da privada é duas, três ou quatro
vezes superior à dos da função pública, por exemplo.
E estamos a ser comparados com as mulheres-a-dias
e com os padeiros, profissões tão dignas como qualquer outra, mas que para o
caso não faz sentido comparar.
A ser verdadeira a notícia, acho que estamos
cada vez mais próximos de qualquer coisa muito ruim que inevitavelmente irá
acontecer se quem ainda manda, pelo menos literalmente, não impuser uma
travagem nestes desvarios.
Onde está a soberania? Quem são estes
senhores para decidirem de pormenores da nossa vida que só a nós dizem
respeito?
Durante a noite e esta manhã, nos noticiários
a que estive atento, na TV e na Rádio, não voltei a ouvir falar no assunto.
Aguardemos então os próximos acontecimentos.
Estou indignado, mas mesmo muito indignado.
Querem subtrair do mapa o meu País.” Um
português - Portugal
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