Uma
das artes mais antigas praticada pelo homem é a de pescar, pois era um meio de
subsistência. Se pensarmos um pouco, a pesca deve ter começado com uma
primitiva lança pontiaguda, que em pequenos riachos eram lançadas para apanhar
o peixe necessário para uma refeição. Mais tarde, o homem foi desenvolvendo
outras formas de pescar, criando um pau, um fio e um apetrecho para apanhar o
peixe que nos nossos dias conhecemos por anzol.
"Antes
de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar" é um
conhecido provérbio muito utilizado perante aqueles que estão sempre à espera
que alguém lhes trate da sobrevivência sem que para isso tenham de
trabalhar. Mas estará este provérbio
ainda bem aplicado? Pelo que eu presenciei um dia desta semana, há um novo tipo
de pescadores.
Andava
eu a circular por Lisboa quando, para minha surpresa, encontrei um pescador,
que não estava pescando no poluído Tejo, rio que outrora alimentou muita gente,
mas, pasme-se, em plena Praça do Rossio, perante o olhar atento de Pedro, não o
discípulo, mas de El-Rei D. Pedro IV de Portugal, Pedro I Imperador do Brasil.
Este
pescador já tinha passado a fase da primitiva lança, mas ainda estava no
período do pau, muito distante da actual cana-de-pesca, uma corda daquelas de
embrulhar fardos, ainda longe dos fios de pesca de hoje e um apetrecho que não
era um anzol, mas um íman, que não servia para pescar peixes onde não os há,
mas sim moedas lançadas pelos estrangeiros, que entusiasmados pelo clima de
Lisboa, pela beleza da baixa pombalina, resolvem, como se tivessem na Fontana
de Trevi em Roma, atirar uma moeda para as fontes do Rossio, para terem a sorte
de regressar a esta cidade de Lisboa mais uma vez.
Este
novo tipo de pescador, não usa a arte para se alimentar de peixe, emprega um
apetrecho artesanal para apanhar moedas e depois adquirir droga, de uma maneira
fácil, consegue o que outros não conseguem ao fim de um dia de trabalho, sempre
isento de impostos. A Fonte de Trevi em Roma tem uma autoridade assegurando que
os desejos dos turistas, transmitidos através de uma moeda lançada para a
fonte, não sejam levados por mão alheia, mas em Lisboa encontramos as autoridades
municipais em grupos de três ou quatro elementos, normalmente em amena
cavaqueira, pois Lisboa é uma cidade acolhedora, mas entretanto onde se menos
espera há alguém a cuidar pela sua vida de maneira ilícita. Baía da Lusofonia
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