Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

“Da Guerra Nunca se Volta”

Apresentação na Associação 25 de Abril, sexta-feira, 17/NOV/23, 16.00h


Um dos confessados objectivos do livro é caracterizar, clarificar, tornar entendível o colonialismo português em África, velho de 500 anos, sobretudo no decorrer da Guerra Colonial, em que os povos se levantaram em armas para conquistarem a sua autodeterminação e independência.

Como escreveu Ladislau Batalha, um jornalista e político socialista do início do século XX: “A História não pode ser um mero repositório de factos, a narrativa cronológica e inútil dos acontecimentos, mas uma ciência social, destinada a dar nova luz e nova orientação para a marcha evolutiva das massas humanas”.

Perceber a essência e o significado profundo (social, económico e político) dos acontecimentos históricos é fundamental para a compreensão do que se passa nos dias de hoje e imprescindível para perscrutar os caminhos do futuro.

Nos capítulos referentes ao início e ao curso do derradeiro conflito no império português, os factos históricos podem ser assim caracterizados:

 - Ocupação usurpadora dos territórios indígenas com imposição pela força dos interesses coloniais: exploração desenfreada, escravatura, morticínios e massacres pelas forças ocupantes.

 - Aproveitamento exaustivo do “Levantamento” no norte de Angola em Março de 1961, das mortandades atrozes (500 fazendeiros) perpetradas pelos chamados terroristas, no caso um movimento nacionalista radical apoiado pelos Estados Unidos da América (a UPA de Holden Roberto).

 - A vingança e o castigo dos insurgentes, com o extermínio de 30 a 40 mil bacongos e o êxodo forçado de 300 mil para o vizinho Congo ex-belga, segundo uma orientação política do fascismo militarista em que “Tudo o que mexesse acima do Negaje era para eliminar!”.

Afirmava então o chefe do governo, Oliveira Salazar: “As nossas possessões em África são os últimos bastiões da civilização cristã e ocidental”, assegurando o apoio encapotado da NATO (armas da Alemanha, Inglaterra, França…) e o silêncio cúmplice dos USA (após a cedência da Base das Lajes!).

O prosseguimento da guerra colonial em três frentes, com a superioridade em armamento convencional contra uma guerrilha com o apoio das populações, foi um longo cortejo de atrocidades com centenas de milhares de vítimas durante treze anos terríveis.

Só terminaria quando, perante o avanço da causa libertadora, dentro das Forças Armadas Portuguesas (um dos principais pilares do regime!), um grupo de militares patriotas resolveu movimentar-se e “Pôr fim ao estado a que isto chegou!”, num conflito sem solução militar, prosseguido com a criminosa teimosia de um governo de ditadura.

A história não se repete, mas as similitudes com o que acontecera na Indochina e na Argélia (de dominação colonial francesa), a simultaneidade da luta nacionalista no Zimbabué, na Namíbia e na África do Sul, tornara inexorável a libertação de Angola, Guiné e Moçambique das garras do colonialismo na senda do progresso da humanidade.

Cremos e desejamos com a razão da própria experiência vivida, que esse será o futuro da Palestina independente, segundo as múltiplas resoluções da ONU (a solução de dois estados), no termo de um conflito colonial com os contornos daqueles que se sofreram em África. Não se pode ficar indiferente perante o quadro de horrores que se vivem na Palestina.

Marcamos encontro no dia 17 de Novembro na Associação 25 de Abril, uma sexta-feira, às 16.00 horas, no desejado Verão de S. Martinho que nos traga castanhas, vinho e a tão desejada paz no Médio Oriente. Armando Teixeira - Portugal


Sem comentários:

Enviar um comentário