Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Cabo Verde - Cidade da Praia pela pena dos escritores

Com o propósito de proporcionar uma viagem pela cidade da Praia através da literatura, bem como de fomentar o hábito de leitura, a Biblioteca Nacional (BN), em parceria com a Câmara Municipal da Praia e a Universidade Jean Piaget (UniPiaget) de Cabo Verde, promoveu, na passada sexta-feira, dia 26 de Maio, uma exposição iconográfica e bibliográfica, “Praia na Literatura”

Para o reitor da UniPiaget, esta exibição tem a pretensão de não só ser um incentivo à leitura, mas também fazer com que os praienses conheçam as obras literárias relacionadas com a cidade capital. “Curiosamente, a cidade da Praia inspirou vários escritores nacionais e estrangeiros, alguns famosos, outros já esquecidos. Contudo, a maioria dos praienses desconhece obras literárias relacionadas com a cidade onde vivem”, diz Wlodzimierz Szymaniak.

Igualmente, a exposição propõe aos habitantes da Praia um passeio pela cidade na companhia de escritores, entre eles o peruano Mário Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura, que retratou a Praia do século XIX no seu o romance “O Paraíso na Outra Esquina”. A cidade capital de Cabo Verde também esteve na pena de Charles Darwin, relatando a sua passagem por esta urbe e a sua escalada ao Monte Vermelho, nas crónicas de José Luís Peixoto, nos levantamentos hidrográficos do antigo governador-geral António Pusich, etc.

Não obstante o seu encanto para escritores estrangeiros, a cidade da Praia tem sido um espaço de referência quase obrigatória para muitos escritores nacionais. Na literatura nacional, todos os caminhos vão dar à Praia. Não está inquinada de excesso tal afirmação. Poetas, romancistas, cronistas e historiadores do arquipélago fizeram e têm feito com que a capital do país deixasse pegadas nas obras literárias. Desde o Prémio Camões, Arménio Vieira, António Ludjero Correia, passando por Vera Duarte e Mário Lúcio Sousa, construíram o seu enredo tendo a Praia como palco de inspiração e ou de narração das suas histórias.

Inserida nas comemorações de mais um aniversário do município da Praia, a exposição, segundo a curadora da BN, é uma forma de homenagear os que escrevem e ou escreveram sobre a cidade da Praia. “A exposição iconográfica e bibliográfica visa igualmente valorizar a relação de intermediação entre a palavra e a imagem, convidando os munícipes desta cidade da Praia a conhecer mais as literaturas que falam dela ou despertar o interesse da literatura para a Praia”, afirma Fátima Fernandes.

A, sensivelmente quatro meses na direcção da BN, a nova curadora avalia positivamente a procura deste espaço de leitura e pesquisas académicas pelos praienses. “Sim, podemos dizer que a procura tem sido boa, embora desejássemos poder responder às várias solicitações das escolas e consideremos estar a faltar uma maior insistência dos mediadores de leitura no sentido de encaminharem os jovens e adultos para a biblioteca”, reconhece Fátima Fernandes.

Fomentar gosto pela leitura, uma tarefa de todos

Aumentar o gosto pela leitura tem sido um desejo de vários sectores da sociedade cabo-verdiana, nomeadamente o ensino, produtores de conhecimento, escritores, profissionais da comunicação social, entre outros. A exposição “Praia na Literatura” vem juntar-se à seara dos promotores da leitura com a certeza, entretanto, que toda a sociedade deveria trabalhar em prol desta causa.

Sem descurar a sua complexidade e transversalidade, Fátima Fernandes, sugere que o primeiro passo a ser dado para a promoção do hábito de leitura deveria ser em direcção à valorização da “leitura como espaço de conhecimento”.

A sociedade actual constitui-se maioritariamente por indivíduos da geração Y (geração da Internet) marcada pela virtualidade e comunicação em tempo real. Trata-se de uma geração caracterizada essencialmente por consumidores exigentes e ávidos de inovação. Ora, fazer crescer o poder de sedução da literatura e, consequentemente, aumentar o gosto pela leitura traduz-se num desafio que, no entender de Fátima Fernandes. apela a todos.

“Todos podemos fazer crescer essa sedução, começando pelos pais e familiares com crianças na tenra idade, passando pela escola, onde passamos grande parte das nossas vidas, pela comunicação social que pode divulgar mais a literatura e por instituições como a BN que tem, entre várias missões a de promover a leitura”, defende a curadora da BN.

A exposição “Praia na Literatura” será acompanhada de uma conferência com o mesmo nome, a ser proferida pela curadora da BN, Fátima Fernandes e pelo reitor da UniPiaget, Wlodzimierz Szymaniak. Adilson Pereira – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”

Sem comentários:

Enviar um comentário