Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Brasil – Carga aérea mais optimista em 2016

Desde o início da crise econômica mundial em 2008, o tráfego de carga aérea mundial teve uma média de crescimento de apenas 1,7% ao ano até 2013. De forma positiva, o tráfego de carga aérea mundial voltou a crescer em 2014, registrando uma alta de 4,4%. As previsões para 2015 eram de um crescimento sustentado, e as previsões eram que se manteria em 2016.

De acordo com Natan Machado de Campos Neto, gerente de Prospecção e Fidelização da Infraero, assim como em diversos setores da economia, o ano de 2015 foi de retração na tonelagem de carga transportada pelo modal aéreo. “A desaceleração econômica afetou principalmente o movimento de cargas domésticas e de importação. Na Rede Teca, a redução total, considerando todos os segmentos, foi de 23% em comparação com os números de 2014”, explica.

A participação das principiais empresas na quantidade de carga transportada no mercado internacional no ano passado, mostrou um resultado desacelerado. “Nos importadores de maior volume, a redução de movimentação foi mais evidente. Foram constatados, em alguns momentos, picos de desaceleração nestes clientes”.

No Brasil, segundo um estudo da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), mesmo com a facilidade que o setor aéreo representa para o transporte em um país com a dimensão territorial, a logística de cargas por avião ainda é pouco aproveitada. Menos de 20% da capacidade (em peso) para transporte de cargas nas aeronaves é utilizada. E as previsões são tímidas: estima-se que o modal aéreo doméstico cresça 58% até 2020, enquanto o transporte de passageiros irá dobrar de quantidade.

Na demanda de transporte aéreo de carga no mundo, os números até novembro de 2015 mostraram uma queda de 1,2%. O que para Adalberto Febeliano, vice-presidente de Marketing da Modern Logistics, não impacta em seus serviços, já que seu foco principal é no transporte doméstico de carga. “Não esperamos muito reflexo da situação internacional no mercado interno, pelo menos nos primeiros anos. Como, segundo a CNT, somente 0,4% do total de cargas no país é transportada no modal aéreo, contra 2% a 3% em países de dimensões geográficas comparáveis, como Canadá e Austrália, acreditamos que existe um vasto potencial de mercado a ser explorado no Brasil”.

Nesse sentido, o gerente de Prospecção e Fidelização da Infraero ressalta o constante trabalho da companhia na promoção da eficiência logística junto aos importadores e toda a cadeia logística. “Este trabalho, iniciado há mais de uma década, permite que as empresas do setor otimizem seus custos tanto financeiros como de tempo, sendo que a cobertura do setor também foi ampliada ao longo dos anos”.

De acordo com Neto, no âmbito do transporte de carga doméstica entre aeroportos dentro do Brasil, as tratativas ocorrem junto às companhias aéreas, que detêm a maior parte desse segmento. “No entanto, em um país predominantemente rodoviário como o Brasil, sabemos que essa é uma tarefa complexa e que inclui ações de vários setores, tanto em âmbito público quanto privado”, disse.

Infraestrutura

O setor vem debatendo as demandas de infraestrutura logística, políticas de preços, segurança e operação. Os novos equipamentos de inspeção por raios x do Teca (Terminal de Carga) do Aeroporto de Fortaleza/CE (Pinto Martins), por exemplo, representa um avanço. O setor vem trabalhando para atender regulamentações nacionais e internacionais, e isso eleva o nível de segurança para esse tipo de transporte. Para somar aos avanços em segurança, o setor espera que medidas de incentivo sejam aplicadas em breve.

Para Neto, esse é um reflexo do trabalho que já vem sendo realizado trabalho junto aos órgãos anuentes com o objetivo de obter e manter as certificações necessárias para o processamento eficiente de cargas. “Um exemplo é a Autorização de Funcionamento emitida pela Anvisa, que trata do processamento de mercadorias destinadas para o consumo humano como medicamentos e produtos médicos. Na esfera do atendimento aos clientes, a Infraero vem aprimorando ferramentas que permitem aos importadores ter maior visibilidade e previsibilidade sobre o andamento de seus processos logísticos, como o envio regular e constante de relatórios e a oferta de assessorias personalizadas, construídas de acordo com as necessidades do mercado”, explica.

Para o vice-presidente de Marketing da Modern Logistics, a política de concessões na infraestrutura aeroportuária trouxe mais modernidade e flexibilidade ao setor, com resultados bastante interessantes, porém ressalta: “Para que o transporte aéreo se faça cada vez mais presente nas cadeias produtivas, é preciso que os custos operacionais impostos às empresas aéreas sejam reduzidos, em particular o custo do combustível, no Brasil, continua a ser dos mais altos do mundo, apesar da forte queda nos preços internacionais do petróleo”.

Além disso, ele ressalta a burocracia como outro fator que embarrera o setor, não muito diferente de outros. “O país todo sofre com a burocracia; não há setor imune a ela. No caso do transporte aéreo, em particular, a necessidade de certificação prévia da empresa e de suas operações aéreas acrescenta uma pesada barreira ao processo”.

De acordo com ele, de todas as áreas envolvidas com o transporte de mercadorias, a questão fiscal é, certamente onde há mais burocracia. “É onde há mais incongruências de procedimentos e, principalmente, onde mais onera o processo produtivo das transportadoras, sejam rodoviárias, ferroviárias, aquaviárias ou aéreas. É nesse ponto onde devem ser buscados ganhos importantes de produtividade, com a simplificação radical de procedimentos”, completa.

A Abear também vem trabalhando junto a órgãos nacionais e internacionais e operadores aeroportuários em um projeto chamado Secure Freight (Carga Segura). O objetivo é garantir que todo o processo logístico seja controlado, desde o exportador-fabricante até o produto chegar à aeronave. Na prática, a carga passará por uma cadeia segura antes de chegar ao aeroporto. Isso dispensa a necessidade de inspeção no terminal e gera eficiência e redução de custos. É o conceito mais moderno do mundo no que diz respeito ao transporte de carga pelo setor aéreo.

De acordo com a Infraero, com foco no aumento da demanda por serviços logísticos no país e na tendência de crescimento do comércio internacional, a empresa mantém um extenso e contínuo plano de investimentos para sua rede de terminais de logística de carga. Para o período 2014-2018, a empresa estima investir cerca de R$ 310 milhões a serem utilizados em construção, reforma, ampliação, adequação e modernização de seus complexos logísticos, bem como na aquisição de novos equipamentos operacionais para movimentação e armazenagem de cargas.

Perspectivas

Embora a taxa de crescimento anual tenha caído e as perspectivas da economia global permaneçam frágeis, partes da Ásia-Pacífico estão crescendo novamente e as encomendas de exportação estão melhorando. Nesse sentido, Febeliano diz que com o início das operações aéreas previsto para o final do primeiro trimestre, a previsão é de muito otimismo para esse ano. “Vemos 2016 como um ano em que teremos dificuldades em alguns setores mas com o início da retomada de crescimento em outros”.

As perspectivas para 2016, de acordo com ele, envolvem trabalhar na busca de mais eficiência e produtividade, “para auxiliar os setores que ainda enfrentarão dificuldades em seus ajustes, necessários ao novo cenário econômico, e na oferta de mais flexibilidade e velocidade de resposta, para aqueles setores que já retomarão sua trajetória de desenvolvimento, e que, portanto demandarão serviços que permitam a conquista de novos mercados”.

Para Neto, os planos são em ampliar suas parcerias com o setor privado para expandir a capacidade de processamento e atendimento da Rede Teca, buscando acelerar o desenvolvimento da infraestrutura já disponibilizada por seus complexos. “Vale destacar também que, nos últimos anos, foram realizados investimentos em alguns dos maiores terminais da Infraero, como a ampliação do Teca de Curitiba e a implantação de um novo transelevador em Manaus”.

Para esse ano, destaca ainda, que a expectativa é iniciar uma nova fase de ampliação da infraestrutura de logística de carga na Rede Teca por meio de parcerias com a iniciativa privada, com medidas como a concessão de áreas para implantação de centros logísticos, assim como para o aprimoramento das áreas em geral. “Estamos trabalhando também na ampliação do leque de oportunidades de negócios em nossos aeroportos, principalmente na integração multimodal e intermodal”. Kamila Donato – Brasil in “Guia Marítimo”

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