Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Castelao



Flores para Castelao

“Ontem foi seu aniversário de nascimento (30 Janeiro), e eu não lhe levei flores, mas levo hoje, ele entende isso, ele sabe eu gosto de as manter em casa deixá-las uma noite comigo, sair ao luar com elas, perguntar a Melra se estarão boas, e só depois libertá-las para o ar que as leve...

Ontem Castelao fazia anos, 127 exatamente e nós ainda olhando para ele como se fosse vivo, que o é, ele sempre será vivo, em todos e cada um de nós... Quem de nós não leva uma frase gravada, gravada na carne, que nascera da mente privilegiada do nosso pensador, pintor, poeta, médico, ser humano precioso e tantas cousas mais....?

Castelao escrevia como quem solta pérolas, consciente de que as recolheríamos, as cultivaríamos 'Enterram semente' dizia ele olhando os corpos jovens em montes para serem enterrados... As suas demolidoras palavras sempre contra os ferozes fascistas que na Galiza queriam matar todos, já não por resistentes, que o eram, na altura eram, mas em especial matavam os galegos por 'serem'; nada há mais diferente a um espanhol do que um galego, de fato, crescem na direção contraria. E era certo, sim, enterravam semente, a ele roubaram-no da Terra, da nossa, mas ele levou-a dentro, e onde ele andou Galiza andou... Sempre em Galiza!

Eu hoje desejaria poder escolher todas as suas frases para as viver, para sementá-las em mim, mas como já disse, são demasiadas, e nem que meu corpo fosse de terra, que o é, não caberia tanta semente. Então vou escolher uma que deu sentido ao que eu faço na vida: Eu cultivo, sou labrega, sou poeta... eu cultivo, e hoje cultivo as de flores de Castelao: ele sementou: ' A nossa língua floresce em Portugal' e eu agora não podo menos que apanhar essas flores, hoje, especialmente hoje, em seu dia de anos, as minhas flores são para ele, nosso mestre, nosso irmão Daniel (de vida inumerável) nosso ilustre galego que levou a Terra no coração para mostrar-lhe aos deuses a sua beleza, a sua dor, e a injustiça, ai a injustiça...” Concha Rousia – Galiza in “Portal Galego da Língua”

Sem comentários:

Enviar um comentário