"Brasília, portanto, que, de alguma maneira, é uma expressão do que foi capaz de criar a civilização lusófona, que nos veio de Portugal, que foi retemperada pelos autóctones e que teve uma imensa contribuição de África. E, quem sabe, ao verem essa cidade branca, que é Brasília, percebam que a alma dela é mestiça. Quem sabe ao verem essa cidade que tem uma certa aparência barroca, percebam que a alma tem, também, algo de equilíbrio clássico.
Ao verem as colunas dos palácios, sobretudo do palácio da Alvorada, hão de se lembrar das famosas colunas coríntias, dóricas ou jónicas, da Grécia, que foram as únicas que ficaram perpetuadas pelas civilizações afora. Que agora elas, esses pilares da civilização ocidental cristã, se juntem às colunas do Niemeyer que são, também, o símbolo dessa mistura formidável que foi esse mundo criado pelo encontro de civilizações, sempre matizado pelo espírito de tolerância portuguesa, pelo pragmatismo de Portugal, pelo espírito de luta dos nossos povos, pela nossa capacidade de sonhar e pela nossa firme determinação de, a respeito de todas as dificuldades, continuarmos caminhando e confiando uns nos outros." Fernando Cardoso - Brasil
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