Foi arquivado pelo governo
estadual, de acordo com publicação no Diário
Oficial do Estado, em 22 de agosto de 2015, o projeto Via Mar, que previa a
construção de uma estrada ligando Suzano à área continental de Santos, que
seria interligada ao Rodoanel, no seu trecho Leste, e representaria uma
alternativa para as congestionadas rodovias Anchieta e dos Imigrantes. Pela
estrada, o motorista seguiria um percurso formado por túneis e viadutos até
Santos, próximo à entrada do Guarujá, na altura do pedágio da rodovia Cônego
Domenico Rangoni, alcançando a margem esquerda do porto. Nesse ponto, um túnel
submerso serviria de rota especialmente para veículos de carga até a margem
direita.
Essa rodovia, se aprovada,
levaria grande desenvolvimento ao Litoral Norte do Estado, hoje em flagrante
descompasso com o progresso que se vê no Interior. A estrada seria construída
por uma parceria público-privada (PPP). A alegação para o arquivamento é a
falta de recursos no País.
No entanto, é de se ressaltar
que uma nova ligação entre o Planalto e a Baixada Santista deveria ser
considerada prioridade nacional, já que pelo porto de Santos passam 27% do
comércio exterior. Ou seja, não era o caso de se tomar aquele projeto como um
assunto regional, pois o seu arquivamento deverá comprometer o próprio
desenvolvimento nacional.
Como opção para desafogar os
acessos em direção ao porto santista, os governos federal e estadual deveriam
ampliar a malha ferroviária, a partir da conclusão do Ferroanel, procurando
mudar a matriz de transporte. Estudo do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (Dnit) mostrou que 70% das cargas são transportadas em cima de
caminhões, enquanto 18% passam por ferrovias. Segundo o levantamento, o País
conta com 1,7 milhão de quilômetros de estradas, mas apenas 13% estão
pavimentados. Os restantes 87% das rodovias não têm qualquer tipo de
pavimentação.
Como mudar essa matriz de
transporte será tarefa para gerações de brasileiros, a alternativa que resta é
continuar a investir na ampliação da malha viária. Nesse sentido, a construção
da rodovia Suzano-Santos seria uma opção menos onerosa, que poderia ajudar a
melhorar o fluxo de veículos rumo ao Litoral. Outra opção é a conclusão das
obras da BR-163, no trecho Cuiabá-Santarém, em território paraense, prevista
agora para o final de 2017, que ajudará a desviar a produção do agronegócio da
região Central para o Norte, em vez de continuar a seguir em direção aos portos
do Sudeste e do Sul.
Como o porto de Santos, mesmo
com a decantada crise econômica, continua a bater sucessivos recordes de
movimentação – o movimento de janeiro a setembro cresceu 6,8% em relação ao
mesmo período de 2014, passando de 83 milhões para 88,6 milhões de toneladas –,
não é difícil imaginar os problemas que se avizinham. Milton Lourenço – Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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