O novo
modelo do CAP
SÃO PAULO -
Com a publicação do decreto nº 8.033/13, que regulamenta a lei nº 12.815/13, a
nova Lei dos Portos, o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) de Santos teve a sua
atuação reduzida, deixando de ser um órgão deliberativo para se tornar um órgão
meramente consultivo. Quer dizer, o tão anunciado marco regulatório dos portos,
em vez de seguir o modelo que tem dado certo em portos europeus em que a
comunidade local tem maior prevalência na discussão e definição das questões
portuárias, deu um passo atrás no sentido da centralização e da burocratização.
De fato,
agora, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que regula o
setor, e a Secretaria Especial de Portos (SEP), à qual as companhias docas
estão subordinadas, são os únicos órgãos que definem a política portuária. Em
outras palavras: tudo agora depende de Brasília e, portanto, de injunções e
questiúnculas político-partidárias, o que significa um recuo de pelo menos 30
anos na discussão da regionalização das atividades portuárias no País.
É de
ressaltar que o texto da nova Lei dos Portos alterou a composição dos conselhos
de autoridade portuária, passando o CAP de Santos a ter 50% de sua composição
reservada ao poder público. São oito cadeiras: quatro para indicações da SEP
(entre elas, a do presidente), uma para o representante do governo do Estado,
outra para a Autoridade Portuária (Codesp), uma da Autoridade Marítima
(Capitania dos Portos) e a última, da Prefeitura santista.
Os
empresários mantêm os 25% de participação no CAP, com duas cadeiras para o
bloco dos arrendatários de terminais, uma destinada aos operadores portuários e
outra, para os usuários do complexo, enquanto os 25% restantes das vagas são
destinados aos trabalhadores portuários, com duas vagas para os representantes
dos trabalhadores avulsos e duas para as demais categorias portuárias. Antes, o
CAP estava dividido em quatro blocos: poder público, operadores portuários,
trabalhadores portuários e usuários dos serviços portuários afins. Cada bloco
tinha direito a um voto, ficando o presidente com o voto de qualidade.
Mais
importante que isso, porém, é que o CAP tinha poder para deliberar. E
funcionava como um órgão estratégico que podia dar respostas mais rápidas.
Tanto que o CAP de Santos passou a constituir referência para os demais. Embora
esvaziado, o que se espera agora é que possa ainda continuar como um grande
foro de discussões para as questões portuárias. A interrogação que fica, porém,
é se será ouvido em Brasília. Até porque a SEP, em breve, terá novo titular, já
que o Partido Socialista Brasileiro (PSB), ao qual o atual ministro dos Portos está
ligado, anunciou que vai deixar o governo, entregando os dois ministérios e demais
cargos.
Se até aqui
as respostas do poder público para as demandas do porto responsável por 26% do
comércio exterior brasileiro sempre foram demoradas, não é difícil imaginar
como serão daqui para frente. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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