Em 2013 comemoram-se 250 anos do nascimento
do notável matemático e astrónomo Francisco António Ciera, responsável pelos
estudos preparatórios para a elaboração da primeira Carta Geral do Reino e pela
introdução da telegrafia visual terrestre em Portugal.
Com o intuito de evocar dignamente este
aniversário, e atendendo à relevância da obra de Francisco Ciera e às múltiplas
competências reveladas ao longo da sua brilhante carreira – que vão desde a
Matemática à Metrologia, passando pela Astronomia, pela Cosmografia, pela
Geografia e pela Cartografia –, a Plataforma Intermunicipal para as Linhas de
Torres (PILT) lançou a diversas entidades o desafio de levar a cabo um programa
comemorativo concertado relativo à referida efeméride. O conjunto de entidades
envolvidas neste programa, em que a PILT se constitui como plataforma de
ligação, inclui as legítimas herdeiras de antigas instituições criadas ou
dirigidas por Francisco Ciera, ou que desenvolvem a sua atividade nas áreas do
conhecimento abarcado pela sua ação, ou que são, ainda, detentoras de relevante
espólio documental e/ou museológico relacionado com a atividade do homenageado.
O referido programa, aberto à colaboração de
todas as entidades interessadas, conta já com as seguintes participações: Exército
e Marinha de Portugal, Comissão da História das Transmissões, CTT – Correios de
Portugal, Direção Geral do Território, Sociedade de Geografia de Lisboa,
Academia das Ciências de Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Centro de
Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, Instituto Português da
Qualidade e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Esse programa evocativo prolongar-se-á até
2014, data em que se perfazem também 200 anos sobre o falecimento de Francisco
Ciera, e que coincide com o termo das comemorações do Bicentenário da Guerra
Peninsular, acontecimento em que a sua ação, no âmbito das comunicações
militares, foi de particular relevância.
Relativamente ao desenvolvimento desse
programa comemorativo, estão previstos os seguintes eventos:
Criação de Imagem Gráfica do evento – 250
anos do nascimento de Francisco Ciera (1763-1814).
Edição de selo comemorativo enquadrado no
tema ”vultos da História e da Cultura”.
Edição de lotaria comemorativa.
Atribuição do nome de Francisco Ciera a uma
artéria da cidade de Torres Vedras.
Conferências sobre a obra de Francisco Ciera
e áreas temáticas por ele abarcadas.
Exposição a realizar pela Comissão Cultural
da Marinha, na Cordoaria Nacional.
Construção de uma réplica do telégrafo de
ponteiros de Ciera.
Produção de publicação digital evocativa da
pessoa e da obra de Francisco Ciera
De referir desde já que no âmbito destas
comemorações, a Sociedade de Geografia de Lisboa promoveu, no passado dia 8 de
maio, uma conferência sobre Francisco António Ciera, proferida por Maria Helena
Dias. A Academia de Marinha tem igualmente programada uma conferência alusiva
ao homenageado, para o próximo dia 26 de novembro, na qual será orador o
Capitão-de-mar-e-guerra Carlos Oliveira e Lemos.
Já no próximo dia 14 de outubro terá lugar a
41ª extração da Lotaria Clássica, comemorativa do 250º aniversário de Francisco
Ciera (mais informações sobre esta iniciativa podem ser consultadas no sítio da
Santa Casa).
Francisco António Ciera nasceu em Lisboa, no
ano de 1763. Seu pai, Miguel António Ciera, matemático italiano, cedo deixou o
seu Piemonte natal, tendo-se fixado em Portugal, onde viria a prestar inúmeros
serviços de relevo, nomeadamente na área da cartografia. Francisco Ciera deu
continuidade aos trabalhos desenvolvidos pelo seu progenitor, com quem se
iniciou nas áreas da matemática e da cartografia. Foi Doutor em Matemática,
Lente da cadeira de Astronomia e Navegação na Academia Real de Marinha, e sócio
da Academia Real das Ciências de Lisboa e da Sociedade Real Marítima, Militar e
Geográfica, entidade que o viria a premiar em 1803.
Francisco Ciera iniciou a triangulação geral
de Portugal, impulsionada por D. Rodrigo de Sousa Coutinho, com o objetivo de
elaborar a Carta Geral do Reino de Portugal e a medição do grau do Meridiano.
Os trabalhos geodésicos que dirigiu foram precursores da moderna cartografia
portuguesa, tendo possibilitado a elaboração de mapas com maior rigor no
posicionamento territorial e na representação do relevo.
Em 1803 Francisco Ciera foi encarregado de
reformular o sistema semafórico da barra de Lisboa, tendo-lhe sido
posteriormente confiada a missão de estabelecer a primeira Rede Portuguesa de
Comunicações Telegráficas. Em 1810 foi nomeado primeiro Diretor do Corpo
Telegráfico Português, integrado na engenharia militar, funções em que se
manteve até 1814. Com essa responsabilidade, criou os telégrafos óticos
portugueses de ponteiro, de postigos e de balões.
Durante a Guerra Peninsular, o sistema de
comunicações português viria a ser amplamente utilizado, a par do telégrafo
inglês “de balões”. Apesar do seu menor alcance, o telégrafo “de Ciera”
revelou-se, todavia, mais económico, de mais fácil utilização e de maior
eficácia. Gerson Ingrês – Portugal in “Local.pt”
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