SÃO PAULO –
Há dez anos não foram poucos os especialistas que previram que o Porto de
Santos estaria com os dias contados porque não dispunha de capacidade para
ampliação nem estrutura para suportar os desafios logísticos que viriam. Como
se vê, as previsões desses profetas de Baal se desmancharam no ar e estão
esquecidas em arquivos de jornais e revistas de comércio exterior.
Com 7,7
milhões de metros quadrados e 25 quilômetros de terminais públicos e privados,
o Porto de Santos não pára de bater recordes de movimentação, a despeito dos
transtornos causados pelo excesso de caminhões que escoam as supersafras de
açúcar e grãos. Até mesmo a falácia de que não poderia ser ampliado ficou para
trás porque na área continental há espaço para duplicar a atual infraestrutura
do complexo portuário.
De 24,6% em
2011, Santos passou em 2012 para 25,8% a sua participação na movimentação do
comércio exterior brasileiro, liderando de maneira isolada e disparada o
ranking de portos nacionais.
Para 2013, prevê-se um crescimento superior a 15%, o que equivale a dizer que passará
a ser responsável por quase 30% da balança comercial do País.
O que explica
isso? A princípio, o crescimento da movimentação pode ser explicado pela
entrada em funcionamento de dois terminais privados: o da Brasil Terminal
Portuário (BTP), com capacidade inicial para movimentar 1,2 milhão de TEUs
(unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) e 1,4 milhão de toneladas de
granéis líquidos por ano; e o da Embraport, na margem esquerda, com capacidade
inicial para movimentar 1,2 milhão de TEUs e 2 bilhões de litros de granéis
líquidos por ano.
Mas não é só.
Embora o número de navios atracados tenha diminuído cerca de 10% em relação a
2012, a movimentação cresceu porque o aprofundamento e o alargamento do canal
do estuário permitiram a entrada de navios com maior volume de carga. E deverá
crescer mais em 2014 com a instalação do sistema de informação e gerenciamento
de tráfego de embarcações (VTMIS), já está em fase de licitação, que permitirá
via dupla no canal de navegação.
Sem contar
que também houve um reforço no cais do armazém 12 ao 24 e no de Outeirinhos. E
estão previstas novas licitações de terminais que, correndo tudo bem, vão levar
os novos arrendatários a comprar equipamentos modernos. Ou seja, tudo isso vai
se refletir no aumento da capacidade instalada e das operações.
O que também
explica o crescimento do Porto é não só a sua privilegiada posição geográfica –
que o levou a assumir lugar de destaque na economia a partir do final do século XVIII , ainda no período colonial –
como o fato de que 70% da riqueza do País estão em sua hinterlândia, ou seja,
no Interior paulista e nos Estados próximos. É de assinalar que 90% das
indústrias do Estado estão localizadas a menos de 200 quilômetros do complexo
portuário santista.
Por fim, é de
ressaltar a diversidade de cargas exportadas por Santos, que vão de commodities
a manufaturados. Embora seja recomendável a especialização dos portos, essa
variedade na pauta de cargas permite que, no caso de queda no preço de commodities,
por exemplo, o déficit seja compensado com a venda de produtos de maior valor
agregado. Por tudo isso, o Porto de Santos será por muito tempo a melhor opção
para quem atua no comércio exterior. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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